Mas o universo das criptomoedas e do blockchain ainda não tem regulamentação abrangente e é consideravelmente desconhecido por muitos investidores no Brasil. Então, como praticar a arbitragem em um mercado não muito explorado e relativamente novo? Para responder a essa pergunta, a Forbes Brasil conversou com dois profissionais do mercado cripto brasileiro: Samir Kerbage, diretor de engenharia da gestora de ativos cripto Hashdex; e Fernando Barrueco, CEO da Bomesp; a Bolsa de Moedas Virtuais Empresariais de São Paulo.
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O que diversos profissionais já disseram sobre o bitcoin e outras criptomoedas inúmeras vezes –e um ponto comum entre Kerbage e Barrueco– é: entenda como funciona esse novo tipo de mercado antes de entrar nele. A falta de um mediador pode ser libertadora para quem está nesta área, mas exige estudo e compreensão daqueles que estão chegando. Existem práticas e regras que não estão escritas em nenhuma lei brasileira. Também é preciso tomar cuidado e não acreditar em tudo que lhe é oferecido, golpes e esquemas de pirâmide existem no cripto tanto quanto em outros mercados.
Dito isso, para Kerbage, da Hashdex, explorar as possibilidades que o mercado cripto oferece é o melhor jeito de aprender, e isso inclui experimentar com a arbitragem. “Para entrar no mundo das criptomoedas e realmente aproveitar tudo o que ele tem a oferecer, o melhor é experimentar.” Mas para o diretor de engenharia, é mais seguro iniciar a prática com uma quantidade pequena de bitcoin com a qual o investidor se sinta confortável. Quando estimando tal valor inicial, é crucial levar em conta a volatilidade do bitcoin e das outras criptomoedas. De acordo com Kerbage: “o potencial é grande, mas a volatilidade também”.
Considere o que torna a arbitragem possível
Isso significa que é necessário entender de onde vem essa diferença de preços que possibilita a arbitragem. Isso pode vir de diversos motivos. A simples diferença de taxas entre uma exchange e outra já basta, mas Kerbage alerta para os perigos que podem vir com a arbitragem.
“Se existe uma discrepância de preço, pode ser que por trás dela existe um risco conhecido só por parte do mercado”, ele explicou. “Uma exchange mais barata pode não ter o mesmos níveis de governança e segurança. Imagine: você coloca seu dinheiro lá e de repente ela é hackeada, ou vai à falência.”
Esse é um risco real no mundo cripto. Com mais frequência que no mercado tradicional, exchanges e empresas vão à falência repentinamente ou são hackeadas completamente, na maioria das vezes comprometendo seus clientes e seus investimentos. Mesmo que você esteja colocando seu dinheiro em uma exchange temporariamente apenas para realizar a arbitragem, esse risco ainda existe.
Não confie em ninguém além de si mesmo
Mas os preços instáveis das criptomoedas não vêm somente de pessoas mal intencionadas e da falta de regulamentação. De acordo com Barrueco, o fato de que essas moedas digitais são lastreadas somente na tecnologia já causa uma oscilação natural. Esse lastro traz uma preocupação comum à tona, o fim do bitcoin e das criptomoedas. Para Barrueco, a resposta é clara. “Não acho que o cripto vá acabar devido à quantidade de dinheiro que já foi colocada nesse sistema,” ele explicou.
No entanto, o CEO avisa: não confie em ninguém além de si mesmo para realizar a arbitragem. O mercado cripto não é regulado o suficiente como o mercado tradicional para você confiar seus investimentos em um profissional ou uma empresa de gerenciamento de ativos para realizar a arbitragem para você. Muitas pessoas também usam inteligência artificial para isso, mas Barrueco acredita que não se pode confiar 100% em robôs.
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