A expectativa de um dia turbulento no mercado financeiro após a notícia de que uma gravação o presidente Michel Temer (PMDB) supostamente teria dado aval para a JBS pagar uma mesada pelo silêncio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB) foi confirmada. O dólar chegou a subir 8,33% às 12h45, quando foi cotado a R$ 3,392, a maior variação desde de 31 de julho de 2002. Às 15h50, o dólar operava a R$ 3,327, alta de 6,24%.
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Na Bovespa, não foi diferente. Logo aos 20 minutos de pregão, a Bolsa brasileira caiu 10,47% e a sessão foi suspensa por 30 minutos, em uma medida conhecida como “circuit breaker”. Às 15h50, o índice Bovespa operava nos 62.884 pontos, queda de 8,27%.
“É a primeira vez que há o circuit breaker na Bovespa e no câmbio desde os atentados contra as Torres Gêmeas”, afirma Fernando Bergallo, diretor de câmbio da FB Capital. O economista explica que a turbulência é devido à dúvida de quem vai governar o país, caso haja renúncia ou cassação de Temer. Há dúvidas também sobre a reforma da Previdência ser aprovada ou não, algo que o mercado já esperava que iria acontecer.
Na avaliação do economista, o dólar pode chegar a R$ 3,50 e a Bolsa operar no intervalo entre 60-65 mil pontos. Em relação à inflação, no curto prazo, os escândalos podem não influenciar, mas o Banco Central pode rever o ritmo de redução da taxa básica de juros.
“Para quem tem dívida em dólar e aplicação na Bolsa, o momento é complicado”, afirma Bergallo. Por isso, o economista recomenda cautela com as aplicações.