Mas, justificam-se para a próxima temporada de grãos, em 2022/23, que começa a ser plantada em setembro do próximo ano, avaliaram a Agroconsult e a estatal Conab.
Caso essa menor disponibilidade de adubos se acentue –enquanto países produtores de fertilizantes, como a China, restringem a oferta–, o ritmo de expansão da agricultura perderia velocidade, após elevados investimentos do setor para ganhar área e produtividade em 2021/22, avaliou a Agroconsult.
“Para a safrinha (segunda safra milho) de 2022 vamos passar bastante apertado, mais vai chegar adubo, vai ser entregue, tem um line-up (programação de importação) gigantesco de adubo para as próximas semanas para a safrinha brasileira….”, disse ele.
Mas ele vislumbra problema para a safra de verão 2022/23.
“Tenho até dito para os produtores que o problema já deixou de ser preço, hoje é garantia da disponibilidade… Os custos já aumentaram e vão continuar elevados. E isso vai reduzir a velocidade de expansão da agricultura brasileira na safra 22/23“, ressaltou o consultor, durante evento da associação de exportadores de cereais Anec, na quinta-feira.
“Vamos diminuir o ritmo de expansão na safra 22/23, ainda com preços internacionais bons, os preços (dos grãos) lá fora não estão tão ruins, combinados com câmbio desvalorizado, deveriam permitir a sequência de três anos muito favoráveis.”
A dependência das importações e restrições de oferta têm movimentado o governo. O presidente Jair Bolsonaro se manifestou o assunto nos últimos dias após a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, ter se encontrado na Rússia com produtores em tentativa de garantir o fornecimento.
IMPORTAÇÃO RECORDE
E o total importado neste ano poderia se aproximar de 40 milhões de toneladas, concordou o superintendente de Logística da Conab, Thomé Guth, considerando desembarques de 3 milhões de toneladas já registrados este mês, até a terceira semana.
“Em termos de oferta para a safra 2021/22, a situação está equacionada, o custo está bem mais alto, tem elevação significativa, mas em termos de abastecimento, até pelo nível de importação, falta de adubo não teremos”, disse ele, à Reuters.
Guth comentou que produtores estão buscando alternativas para diminuir custos logísticos, como importação pelos portos do Arco Norte do país. Isso acontece pela possibilidade do chamado frete de retorno –sobe o grão e desce o fertilizante.
Guth também avaliou que a oferta de adubo para safra que será plantada no ano que vem merece atenção. “É um ponto de alerta, um sinal amarelo no horizonte para o produtor ter a sabedoria de antecipar processos…”
Um agravante da situação da oferta, frisou ele, decorre do fato de o fertilizante ser um produto que, se armazenado por muito tempo, pega umidade, causando o empedramento e problemas para a qualidade. Isso limitaria uma antecipação ainda maior de aquisições.
(Com Reuters)