Assistir a despedidas assim me deixa muito pensativo. Imaginar o fim da vida talvez seja uma das coisas mais potentes para nos convencer a mudar atitudes. Quem não conhece alguém que decidiu adotar novos hábitos quando teve alguma ocorrência médica? Ou alguém que reviu seus comportamentos depois de um acidente quase fatal?
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Nos últimos dias, minhas redes sociais ficaram tomadas por frases, trechos de entrevistas e depoimentos do Jô. São lembranças bonitas e emocionantes que ficaram no coração das pessoas. Certamente o apresentador cometeu erros na sua jornada, mas, nesse momento, os relatos são das coisas boas que nos alcançaram. E isso me fez perceber um fato muito interessante: a grande maioria dessas memórias eram cenas do Jô Soares trabalhando.
Através da sua profissão, ele tinha a oportunidade de levar alegria, conhecimento e reflexões para as outras pessoas. E foi justamente quando fez o seu ofício com excelência, que ele mais marcou outras vidas. Essa constatação não vale apenas para figuras públicas, mas se aplica a todos nós.
Já parou para pensar quantas pessoas você toca na rotina do seu horário comercial? Se você atende clientes, faz negociações, tem uma equipe, dá aulas, faz treinamentos, escreve artigos ou compartilha conselhos, por exemplo, tenho certeza de que sua agenda é repleta de relações pessoais. Não importa se você atende ligações, entrega encomendas, dirige ônibus, publica vídeos na internet ou se governa uma nação, há uma porção de pessoas que olham no seu olho, ouvem as suas palavras, leem o que você escreve, apertam a sua mão, contam com o seu serviço. E em cada um desses contatos você tem a chance de causar um impacto. Memórias. Histórias. Justamente as que serão lembradas quando tudo chegar ao fim.
Seu trabalho não é uma barreira para os seus propósitos de vida, talvez ele seja justamente o meio.
Você pode achar que o trabalho do Jô era de contar piadas, fazer entrevistas ou escrever livros. Mas qual é realmente a maior falta que ele vai fazer? Depois de ver essas despedidas, fica claro que o que ele realmente fazia era nos ajudar a experimentar novos pontos de vista, rever nossas referências e nos fazer sorrir – coisas de que a gente precisa. Assim como o seu trabalho. Talvez a sua profissão alcance muito menos gente do que a dele. Mas, para as pessoas que você toca, o que você faz é muito importante.
O seu trabalho não é só o seu trabalho. Ele pode fazer parte da sua missão, se você trabalhar com essa intenção.
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