14 lições de carreira de Orkut, pioneiro das redes sociais

15 de dezembro de 2022
Getty Images

Orkut Büyükkökten palestrando no evento Product Camp em São Paulo

Pioneiro das mídias sociais, Orkut Büyükkökten fundou a rede que levava seu nome e fez sucesso no Brasil nos anos 2000, com 30 milhões de usuários ativos, antes de ser extinta, em 2014. Comunidades como “Nunca terminei uma borracha” e “Queria sorvete, mas era feijão” deixaram usuários saudosos. “Usar a tecnologia para conectar pessoas é fascinante porque somos muito limitados por quem conhecemos na vida real. Mas nas redes sociais as possibilidades são infinitas”, diz o engenheiro de software.

Este ano, Orkut reativou o site e deixou uma mensagem que animou os que sentem falta do clima das comunidades, scraps e depoimentos característicos da plataforma. O engenheiro reafirma que “algo novo vem aí”, e a ideia é consertar o estrago que as redes sociais vêm fazendo, com impacto na saúde mental, principalmente dos usuários mais jovens.

Orkut Büyükkökten criou a rede enquanto trabalhava como engenheiro do Google, em um programa que permitia aos funcionários dedicar 20% do seu tempo para outros projetos. Chegou a ter 300 milhões de usuários no mundo, mas foi ultrapassado pelo Facebook e acabou sendo descontinuado pelo Google.

Hoje, ele é CEO da Hello Network, rede social que conecta pessoas de acordo com os seus interesses.

Orkut Büyükkökten fundou a rede social Hello em 2016

O pioneiro das redes sociais e comunidades veio ao Brasil palestrar no Product Camp, evento de product management da escola de produtos digitais PM3.

Em entrevista à Forbes, ele falou sobre sua carreira no universo das redes sociais e sobre as lições que aprendeu.

1. Desistir é o verdadeiro fracasso

O Orkut.com fez sucesso, mas saiu do ar e logo ficou para trás com a chegada de novas redes sociais. Dois anos depois disso, o fundador não desistiu e lançou uma nova plataforma, a Hello, e agora prepara novidades, com o possível retorno do Orkut.com. “Mesmo se você falhar, você vai ter sucesso, porque vai aprender alguma coisa com isso”, diz. E o contrário também é verdadeiro. “É importante não desistir, porque você só falha realmente quando desiste.”

2. Pequenas decisões podem mudar sua vida

Orkut nasceu na Turquia e se mudou para a Alemanha com os pais com um ano de idade. Mais tarde, decidiu fazer faculdade em Stanford, na Califórnia – segundo ele, apenas pelo clima. Entre duas ofertas de emprego, da Microsoft e do Google, optou pela segunda. “Pequenas decisões mudam a sua vida para sempre”, diz. “Meus pais indo para a Alemanha, fazer faculdade em Stanford, em vez de qualquer outro lugar, ir para o Google.” E o que parecem pequenas coisas podem fazer uma grande diferença lá na frente. “Tudo o que vivi quando criança e como adulto me trouxe a esse lugar.”

3. Mentores são essenciais

Em Stanford, Orkut foi exposto a diferentes culturas e oportunidades, e soube atravessar as diferentes portas que se abriam. “Queria muito estudar computação gráfica, mas não sabia nada sobre. Então comecei a me encontrar com os professores”, diz. Ele entrou para um grupo de um desses professores, que acabou sendo o melhor mentor de sua vida. E em um dos projetos na universidade, acabou conhecendo os fundadores do Google, que ainda estava longe de ser o que é hoje.

4. Uma boa rede de contatos faz a diferença – na vida e na carreira

Hoje se fala muito sobre networking, e Orkut soube enxergar a importância disso há mais de duas décadas. Ele conheceu um colega na sala de aula na faculdade, fez amizade com outro nas aulas de tênis, foi apresentado a amigos de amigos, encontrou pessoas nos espaços em comum e assim construiu sua rede em Stanford. “Todos temos acesso a computador, estamos todos online. E se pudermos conhecer pessoas em uma rede social?”, pensou ele, antes de fundar o Club Nexus para conectar os alunos de Stanford.

5. Comunidades são importantes

O Orkut.com é conhecido ainda hoje por suas comunidades em que pessoas com interesses em comum se reuniam. As comunidades são hoje muito importantes para empresas, e muitas delas tem até mesmo gestores específicos para essa área, os community managers. Orkut percebeu o potencial de reunir as pessoas e criar esses espaços. “Conheci um jornalista no Rio que era gay e de uma cidade pequena e encontrou comunidades LGBT no Orkut.com e entendeu que não estava sozinho”, diz o fundador da rede. Ele também já ouviu diversas histórias sobre pessoas que fizeram amizades, conheceram seus companheiros e receberam oportunidades de trabalho.

6. Empatia é essencial para os negócios

Orkut é crítico em relação ao rumo que as redes sociais tomaram, como um espaço para disseminação de fake news e de recortes editados de uma vida perfeita. Segundo ele, as pessoas por trás dessas empresas, como as de quaisquer outras, precisam proteger suas comunidades e entender as necessidades delas. “É importante entender a psicologia e sociologia quando você está construindo produtos para pessoas.”

7. Não dá para ter controle de tudo

O Orkut.com era uma plataforma dentro do Google, que lançou sua própria rede Google+ em 2011 e acabou optando por descontinuar o Orkut.com em 2014. “O que eu poderia ter feito de diferente? Eu não tinha poder sobre isso”, diz. Por um lado, ele gostaria de ter criado o Orkut.com fora do Google, mas foi justamente essa plataforma que deu os recursos para atingir 300 milhões de usuários.

8. O passado molda o presente – e não dá para voltar atrás

Mesmo depois de extinto, o Orkut.com é o maior orgulho do fundador. Antes de acabar, ele teve dificuldades de escalar a rede e acompanhar o ritmo do número de usuários. Mas ele não tem arrependimentos, em relação à carreira e à vida pessoal. “É difícil olhar para trás e ter arrependimentos porque tudo o que fiz no meu passado, incluindo os erros, fizeram quem eu sou hoje.”

9. Erro tem que servir de aprendizado

O erro pelo erro não ajuda a avançar, mas aprender com as falhas – suas e dos outros – é um bom caminho para o sucesso. “Aprendemos muito com as mídias sociais nos últimos 10 anos, especialmente em termos do que não devemos fazer”, diz. Ele quer usar a tecnologia para “consertar” as redes e criar um ambiente saudável.

10. O mundo muda e é preciso acompanhar

Desde que Orkut criou sua rede social em 2004, muita coisa mudou. Em 2016, quando lançou a Hello Network, ele acompanhou algumas dessas mudanças. “A Hello foi feita para mobile, enquanto o Orkut.com foi feito para a web”, diz. A forma como nos comunicamos mudou radicalmente com os celulares, e isso precisava estar contemplado na nova rede.

11. Paixão move a vida e os negócios

“Uma boa vida é uma vida cheia de paixão. É muito importante seguir nossa paixão tanto na vida pessoal quanto nas nossas carreiras”, diz Orkut. Ele soube conectar suas paixões – pessoas, tecnologia e programação – em um negócio. “Encontrar sua paixão é uma jornada de uma vida. Mas quando você encontra, isso te preenche.”

12. Aprendizado é contínuo

Orkut estudou em Stanford, uma das melhores universidades dos EUA, e recomenda um estudo formal a todos que puderem ter acesso, até mesmo pelo ambiente que proporciona. Mas isso não é suficiente. “É mais sobre o seu processo de aprendizado e busca por conhecimento”, diz. Pode ser uma nova língua, hobby, curso, algo importante para a profissão ou para o próprio crescimento, mas é preciso continuar a aprender.

13. Produtos vêm de uma necessidade

Para começar um negócio, é preciso pensar em um produto que venha de uma necessidade da sociedade e que vai fazer as vidas das pessoas mais fáceis e felizes. “Por exemplo, era muito difícil pegar táxi, principalmente se você não fala a língua do país. Mas todo mundo tem um celular, e um aplicativo resolve esse problema que muitas pessoas têm”, diz.

14. Comparação é perda de tempo

Ao olhar para o lado e ver outros empreendedores ou amigos com ideias brilhantes e levantando muito capital, tente não se comparar. “Todo mundo quer fundar um unicórnio e ficar rico, mas isso não traz felicidade no fim. Preencha a sua vida com amizades, amor e paixão porque isso sim vai te preencher.”