É dado como certo que a aposentadoria se trata de dinheiro. Quanto recurso devemos ter para garantir segurança financeira? Nos EUA, uma empresa de serviços financeiros até lançou uma campanha publicitária onde as pessoas perguntavam: “Qual é o meu número?” O anúncio retratava pessoas caminhando pela rua com imagens de grandes quantias de dinheiro sobre suas cabeças.
Outros números também se tornam parte da vida das pessoas na aposentadoria. Pressão arterial, colesterol bom e ruim, índice de massa corporal e demais medidas que indicam sobre a saúde física e que se tornam parte de nossas preocupações diárias – ou, pelo menos, de conversas com o médico.
Mas outro número pode ser ainda mais indicativo de como se viverá na velhice: seu CEP (Código de Endereçamento Postal). Graças aos estudantes do curso Envelhecimento Global e Ambiente Construído, do MIT (Massachusetts Institute of Technology), temos pensado muito sobre o papel do lugar onde se vive a aposentadoria. O local da residência tem um impacto e poder significativos sobre como uma pessoa viverá.
Leia também:
- Finlândia é eleita país mais feliz do mundo; Brasil está em 49º
- As melhores e mais lindas cidades do mundo para se viver
- O que podemos aprender com Tom Brady sobre aposentadoria
Lugar e bem-estar são um tópico para muitos pesquisadores, especialmente aqueles que examinam disparidades de saúde entre renda, raça e outros grupos. O título de uma pesquisa resume a questão melhor com relação aos resultados de saúde de mães e crianças: “Por que seu CEP importa mais do que seu código genético.”
Este estudo (e muitos outros) indicam que dentro da mesma área metropolitana, ou até em uma mesma cidade, a expectativa e qualidade de vida podem variar muito. Às vezes, apenas alguns quarteirões podem significar muitos anos a mais de vida.
Planejamento de longevidade e avaliação de “onde” viver na aposentadoria
Enquanto o planejar a aposentadoria continua focado em dinheiro, ter uma visão de planejamento de longevidade exige que as pessoas pensem, além da segurança, na sua qualidade de vida geral ao longo do tempo – especialmente na velhice. Então, como podemos pensar no fator de “localização” na terceira idade?
A maioria acredita que a moradia na aposentadoria é respondida pelo local que se vive agora – ou seja, escolhemos envelhecer no mesmo lugar e ficar onde estamos. No entanto, à medida do envelhecimento, as necessidades, desejos, condições de saúde, conexões sociais e muito mais também mudarão. Isso pode criar uma desconexão entre o que funciona agora e o que funcionará mais tarde.
Em seu excelente livro “Right Place, Right Time” (Lugar Certo, Hora Certa, em tradução livre), o especialista em envelhecimento saudável, Ryan Frederick, aponta: “A oportunidade do lugar para garantir nossas vidas é onipresente. Precisamos estar cientes de seu impacto, avaliar a adequação de nosso ambiente atual e ter a coragem de agir quando necessário.”
Aqui estão algumas perguntas a serem consideradas e discutidas ao avaliar o “onde” em seu planejamento de longevidade.
Você tem amigos ou familiares por perto?
Sua localização reúne lugares e espaços que oferecem oportunidades para conhecer novas pessoas, continuar investindo em seu portfólio social de amigos e estar perto de pessoas que te fazem sorrir?
Onde você pode obter os cuidados de saúde de que precisa?
Existem lugares para se divertir, trocar experiências e se juntar a outras pessoas em algo novo?
Não, você pode não ir ao museu, teatro, estádio, cursos ou qualquer outra distração de lazer todos os dias, mas é bom ter escolhas.
Há locais em que possa trabalhar ou ser voluntário?
Eles oferecem flexibilidade para ser voluntário ou trabalhar em tempo integral, meio período ou apenas algumas horas?
Como você chegará aos lugares que precisa e deseja?
Mesmo que você dirija, caminhe ou ande de bicicleta hoje, será capaz ou terá essa disposição no futuro? Existem alternativas de transporte para fazer os deslocamentos necessários (como ir às compras e ou a consultas médicas) e para lazer?