Nessa fintech, assistente de IA faz o trabalho de 700 funcionários

6 de março de 2024

Sebastian Siemiatkowski, cofundador e CEO da Klarna, é um entusiasta da IA e quer fazer IPO ainda este ano

Quando as demissões no setor de tecnologia começaram a decolar em meados de 2022, a Klarna, uma fintech sediada na Suécia que fornece serviços financeiros online, anunciou planos para demitir cerca de 10% da sua força de trabalho global.

Avançando para a ascensão da inteligência artificial, que pode ajudar empresas a se tornarem mais enxutas e eficientes, a Klarna implementou um assistente de IA. O chatbot agora lida com a carga de trabalho equivalente a 700 funcionários em tempo integral, de acordo com a empresa.

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Como funciona a IA

A fintech fez uma parceria com a OpenAI para melhorar as interações de atendimento ao cliente. Em apenas um mês, o bot inspirado no ChatGPT gerencia dois terços dos chats de atendimento – 2,3 milhões de conversas – em 23 mercados e 35 idiomas. O uso da tecnologia pode ajudar a aumentar os lucros em US$ 40 milhões (R$ 197 milhões) em 2024, afirmou a empresa. 

A eficiência do chatbot resultou em menos erros, uma redução de 25% nos atendimentos repetidos e também diminuiu o tempo médio de conversa de 11 para 2 minutos. “Esse avanço da IA ​​significa experiências melhores para os nossos clientes a preços mais baixos, desafios mais interessantes para os nossos funcionários e melhores retornos para os nossos investidores”, disse Sebastian Siemiatkowski, cofundador e CEO da Klarna.

A empresa do tipo “buy now, pay later” (que em português significa “compre agora, pague depoispagamento parcelado para compras online e, em alguns casos, físicas) está considerando um IPO antes do esperado, potencialmente no terceiro trimestre de 2024, e buscando uma avaliação de US$ 20 bilhões (R$ 98 bilhões).

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IA vs pessoas

A adoção da IA ​​na Klarna teve um impacto significativo na sua estratégia de contratação. A empresa teve uma redução de 25% no quadro de funcionários até o final de 2023, segundo a “Fortune”.

Um porta-voz da fintech disse que o uso da IA ​não explica diretamente a queda no número de funcionários do ano passado, mas é algo considerado na sua atual estratégia de recrutamento. “A IA nos permite crescer mais rapidamente sem aumentar o número de funcionários tão rápido como faríamos antes”, disse o representante da Klarna.

No ano passado, a empresa instituiu um congelamento de contratações para funções além da engenharia. “Coisas que antes demoravam muito podem ser feitas mais rápido e com menos pessoas”, disse o CEO a um jornal britânico. 

Apesar de estudos recentes demonstrarem que muitos empregos serão transformados pela inteligência artificial e suas aplicações, pesquisadores do MIT garantem que essas mudanças não vão ocorrer tão cedo. Até porque o uso da IA ainda não é financeiramente viável para muitas empresas, que também podem enfrentar resistências devido a preocupações culturais, éticas ou operacionais.

Embora o assistente de IA da Klara lide com uma parte significativa do atendimento ao cliente, a empresa ainda precisa de humanos para revisar registros, garantir a precisão do bot e lidar com casos mais complexos ou sensíveis que exigem atendimento personalizado. Os trabalhadores podem fazer a transição para funções especializadas que complementem o chatbot.

Veja também: as profissões que devem sobreviver à IA:

1. Profissões que exigem criatividade Empregos que demandam criatividade genuína. Não pensem em fotógrafos e designers pois a IA já vem dominando a estética e produzindo imagens satisfatórias para diversos fins. “Áreas que exigem uma visão criativa ou artística bastante apurada, como criar conceitos de campanhas de marketing, por exemplo”, diz Fernando Pedro, diretor-geral da Assigna, empresa do Talenses Group, voltado ao recrutamento de profissionais. more
2. Educação e desenvolvimento de pessoas Funções que exigem habilidades sociais complexas, como cargos voltados para o desenvolvimento de pessoas, estão entre as que não devem ser substituídas tão cedo. “Educadores e professores não têm como ser substituídos com o que conhecemos hoje”, diz Jordano Rischter, sócio da Wide. more
3. Gestão de crises e negociações Gerenciamento de conflitos e de crises, além de negociações complexas, dependem da capacidade humana de análise, algo que a Inteligência Artificial ainda não atingiu. Gestão de crise é também um assunto complexo que exige a coordenação de uma série de atores envolvidos no processo, bem como a análise rápida para importantes tomadas de decisão. more
4. Advogados, profissionais que lidam com questões morais e éticas A área jurídica pode mudar com a automatização de tarefas. Hoje, há maneiras de usar a IA para produzir petições, por exemplo. Mas as áreas que exigem análise de um caso, por exemplo, e criação de estratégias, dependem do pensamento e experiência humana. more
5. Profissionais de gestão estratégica A Inteligência Artificial não tem como substituir o trabalho de quem pensa os caminhos de gestão das empresas, toma decisões rápidas e estratégicas. “De qualquer forma, em alguma parte do processo a IA pode contribuir, seja acelerando uma pesquisa, buscando outras fontes, ou realizando análises preditivas”, diz Fernando Pedro. more
6. Relações interpessoais complexas e cuidadores Enfermeiros, psicólogos, médicos, jornalistas investigativos e outros empregos que exigem um conhecimento profundo das pessoas: a IA está muito longe de conseguir construir relacionamentos.more
7. Trabalhadores manuais Empregos que exigem destreza e capacidade de resolução de problemas, como eletricistas e encanadores, não são fáceis de automatizar. Eles exigem que os profissionais lidem com questões que não são previsíveis e encontrem soluções únicas, o que a IA ainda não pode realizar.more

*Jack Kelly é colaborador sênior da Forbes USA. Ele é CEO, fundador e recrutador executivo da WeCruitr, uma startup de recrutamento e consultoria de carreira.