É um tema que pede clareza de posicionamento – e não fazer nada também é uma escolha. O assunto se torna mais aquecido quando se aplica a membros de famílias empresárias que têm um sobrenome de certa notoriedade. “Eu tenho o direito de ser livre e espontâneo nas redes sociais e me posicionar sempre que quiser?”
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A grande questão é a liberdade de expressão versus a responsabilidade com a imagem e o legado familiar. Minha visão é que não existe uma norma restritiva que funcione para qualquer família.
Existir nas redes sociais é uma realidade – e arrisco-me a dizer que é uma necessidade. Para se integrar ao mercado de trabalho, ter um perfil no Linkedin é mais relevante do que ter um curriculum vitae atualizado.
Onde está o problema, então?
Vou destacar aqui o conceito–chave que deve fazer parte deste debate: se você é membro de uma família empresária, suas ações não são isoladas e desconectadas da construção da imagem dos negó-cios. Os jovens podem achar que isso é injusto, que é um peso que não deveria existir. Mas existe.
Há uma expressão em francês que nos remete ao tema: “noblesse oblige”. Ele significa que o fato de pertencer a uma família de prestígio ou de ter uma posição social de destaque nos obriga a proceder de forma adequada. Cada família tem sua forma de se posicionar no mundo – e os cuidados que adotam, apesar de existirem temas comuns, podem ter desdobramentos particulares. Alguns exemplos de temas comuns a serem alinhados: posicionamentos políticos, julgamentos de valor, exposição da imagem e de sua intimidade, exposição de momentos importantes dos negócios e da família.
O mais importante para esse tema, que vive em constante transformação, é manter a abertura e o diálogo familiar pautados pela clareza. Definir regras muito rígidas será um esforço pouco efetivo, pois nesse ambiente fluido, de modernidade líquida (termo cunhado pelo filósofo polonês Zygmunt Bauman) e de metaverso, a única certeza é que tudo vai mudar.
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Coluna publicada na edição 94, de fevereiro de 2022.