Não é necessário citar nomes. Mas a descrição acima não foi rara na história do maior esporte do mundo. O problema é transportarmos esse mau exemplo ao mundo da economia e da política. A prática do chamego dos políticos aos empresários amigos torna-se mais do que um agrado ao compadre. Torna-se um sistema econômico anacrônico: o capitalismo de Estado.
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Das companhias das Índias, na Holanda, aos Estados fascista e nazista, esse tipo de economia amarrada e vitaminada por fomento estatal não é propriamente uma novidade. O mais recente ícone desse modelo é a Venezuela de Hugo Chávez e Nicolás Maduro. Como bem lembrou o sociólogo Demétrio Magnoli, esse tipo de capitalismo é muito elogiado por alguns empresários – poucos e escolhidos a dedo. “Eles têm bilhões de motivos para isso.”
No Brasil, assistimos à ascensão e queda da política dos campeões nacionais. O dinheiro público foi uma verdadeira gasolina aditivada para a operadora Oi, o grupo Odebrecht e o castelo de areia de Eike Batista, que foi varrido pelas marolas da dura realidade. Isso sem falar das demais empreiteiras, com seus esquemas revelados pela Operação Lava Jato.
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Prender bandidos – políticos ou empresários – não resolve o problema por si só. O tamanho do Estado é um convite à corrupção. Quanto menor ele for, quanto menor sua “ajuda” nas disputas, mais competitivo é o mercado. Mais pessoas participam da riqueza do país. Porque produzir riqueza leva ao desenvolvimento pleno de toda a nação, e não de um pequeno clube de amigos. Não adiantar ficar dizendo jocosamente que “todos são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros”.
Nesse ponto é preciso diferenciar o empresário de conluio do empreendedor de mercado. O primeiro é uma deformação. É preciso, no Brasil, termos empresários de outra estirpe, com padrão moral e altivez.
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Eu sei, o mercado é muito mais importante para nossas vidas que um jogo de futebol, mesmo que a partida seja disputada numa Copa do Mundo. No capitalismo, o campeonato pode ser muito mais justo e benéfico se as regras e as vantagens forem as mesmas para todos. Assim, com méritos, teremos muito mais vencedores.
*Flávio Rocha é presidente da Riachuelo