A CPI das fake news é o tribunal de exceção mais simpático que a história já viu. Soltar uma patrulha ensandecida contra a opinião pública – ou seja, contra todo mundo – fantasiado de gladiador da liberdade de expressão é de uma ousadia estilística sem precedentes. Como se sabe, parte da grande imprensa resolveu, tragicamente, apostar na panfletagem politicamente correta como diretriz mercadológica (burra), e o instrumento acessório do pacote é o seguinte: quem desmascarar essas campanhas fantasiadas de
jornalismo é milícia digital.
Daí em diante, segundo o novo paradigma noticioso, só vale fake news de grife – ou seja, essas amáveis distorções editoriais que embelezam a realidade ao gosto do dono. E a realidade mais bela oferecida nesse kit transformista é a execração do fascismo imaginário. Esses novos gênios da comunicação juram que seu público irá ao delírio se oferecerem a ele todo dia (toda hora) um panfleto novo sobre essa novela da onda obscurantista.
Lava Jato, ou porque está arrependido, isolado, deprimido ou o que você quiser. Vale encenar o apocalipse amazônico e transformar em bomba atômica contra o presidente a mentira de um porteiro – porque, como já esclarecido, mentira perfumada e de boa aparência pode.
A única coisa que não fica bem para quem está desfilando nessa passarela politicamente correta é não se assumir perante a sociedade. Quer derrubar o governo? Vá em frente, seja fiel ao seu objetivo. Mas faça a gentileza de sair do armário – porque todo mundo já viu o seu rabo de fora. É muito melhor do que ficar se contorcendo todo para esconder a agenda de recuperação do país, valendo até gritar que a eleição foi golpe do WhatsApp e a reforma da Previdência foi o Rodrigo Maia que fez.
Sinceramente, isso não é vida. Libertem-se, companheiros!
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