Considerando-se o que se passou nas duas oportunidades recentes de fazer o país andar para a frente, a opção mais forte ainda é a segunda. Quando precisa ser reconstruída e tem um bom plano para isso, uma nação se une em torno do plano. Já uma federação de panelas promove uma chuva de pedras contra os executores do plano – de forma que nada de consistente seja construído e o poder de executar permaneça acessível aos aventureiros de cada panela, democraticamente.
Foi o que se passou no Brasil entre 2016 e 2018 – na agenda reformista da equipe de Henrique Meirelles – e o que se passa agora, sob a agenda positiva de Paulo Guedes. Cadê a nação unida em torno da chance concreta de reconstruir o país após a hecatombe petista?
“Cadê a nação unida em torno da chance concreta de reconstruir o país após a hecatombe petista?”A delação armada de Joesley Batista, operada pelo procurador-geral Rodrigo Janot e homologada instantânea e irresponsavelmente pelo STF, parou o país. Importantes veículos de imprensa propagaram a tese fajuta e criminosa de que aquela gestão reformista era a ascensão da “quadrilha mais perigosa do país” (conforme a literatura de Janot & Joesley) ao poder central. Personagens relevantes como Fernando Henrique Cardoso aderiram a esse escárnio pedindo a renúncia do presidente da República. Contando, ninguém acredita.
A armação foi desmoralizada, Joesley foi preso e o núcleo da reconstrução nacional resistiu (Ilan Goldfajn terminou 2018 eleito o melhor central banker do mundo), mas o país perdeu o tempo precioso que não podia perder após década e meia de rapinagem. As panelas da federação tentaram lucrar com a estigmatização de Temer, assim como tentam hoje faturar com a estigmatização de Bolsonaro. Danem-se as reformas de Meirelles e Guedes, a politicagem é mais embaixo.
Onde estavam os grandes nomes da responsabilidade fiscal para apoiar ostensivamente a agenda de Meirelles e agora a de Guedes? Sumiram. Foram cuidar de seus partidos e ONGs, apostando na demonização de Temer e Bolsonaro. João Doria se abraça com Alexandre Frota contra o fascismo imaginário; Armínio Fraga vira ecologista para dizer que a democracia está em chamas na Amazônia; e João Amoêdo panfleta contra o óleo no Nordeste para tentar pichar a parede do Palácio do Planalto. Eles só pensam naquilo.
Apesar desse vexame limpinho e de boa aparência, o sentimento de nação voltou a ser forte no Brasil. Personagens como Sergio Moro ressuscitaram a esperança no verdadeiro espírito público – que os corneteiros tentam confundir com ufanismo reacionário. Decide aí, Brasil, o que você quer ser, afinal. Está na hora.
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