O espaço – uma área de 20 mil metros quadrados na Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo, que na década de 1940 abrigou uma metalúrgica da Votorantim – foi totalmente reformado para operar nos moldes dos mais renomados complexos de inovação do mundo, como o Station F, em Paris, o New Lab, em Nova York, o Factory, em Berlim, e o La Nave, em Madri.
Sem revelar o valor investido até o momento, Jorge Pacheco, idealizador e CEO do STATE, diz que a ideia é abrigar áreas de inovação e de pesquisa e desenvolvimento de grandes empresas, conectando-as com startups e universidades e criando, assim, um ecossistema de soluções para as indústrias 4.0 e criativa, mobilidade urbana, deep tech e hard science.
Nessa primeira fase, que será inaugurada oficialmente em 14 de fevereiro, estão instalados no STATE o La Fabrique, o centro de inovação para startups conjunto do banco BNP Paribas, Carrefour, Edenred e Ingenico, cada uma dessas empresas com seu próprio squad – como é batizado o espaço de vidro onde estão alocadas –, e parte do time de desenvolvimento da fintech Picpay. Nesta semana, chega uma equipe da Atech, a empresa de gerenciamento de tráfego aéreo da Embraer.
No total, mais de 3.000 pessoas poderão trabalhar no galpão, em áreas que podem ser moduladas de acordo com a necessidade. Pacheco diz que está conversando com potenciais locatários, mas já recusou alguns interessados. “O nosso modelo é um pouco diferente do que tem por aí, onde as startups se hospedam e são patrocinadas por grandes empresas. Queremos que essas companhias tenham seus cubos aqui dentro e convivam com startups independentes, propiciando um ambiente rico em troca”, explica. “Não somos um coworking. Nosso compromisso é criar um espaço com empresas e pessoas que realmente estejam contribuindo para a inovação. Se aceitarmos qualquer uma, não vamos conquistar a comunidade forte que é a nossa proposta.” Os valores para cada posição são de cerca de R$ 1.000 – R$ 1.300 no caso do mezanino.
Até o final de janeiro, a expectativa, nessa primeira fase, é ter 50% do espaço ocupado. A ocupação total está prevista para março. Em uma segunda etapa, a ser inaugurada no segundo semestre, o foco maior será na indústria criativa. Com 15 metros de pé direito, o espaço, totalmente climatizado, contou com Rodrigo Ohtake no design de interiores e foi projetado para que a luz natural seja suficiente durante todo o dia. Acomoda, além dos squads e posições de trabalho, um auditório de 400 metros quadrados com capacidade para receber até 350 pessoas, uma arena com arquibancada para eventos abertos e diversas salas de reuniões com configurações variadas. Além, claro, de tecnologia de ponta.
O hub também faz divisa de muro com o Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), que, caso as intenções de João Doria se concretizem, será transferido e deixará o espaço de 700 mil metros quadrados livre para a criação do CIT, um centro internacional de tecnologia e informação que já vem sendo chamado pelo governador de “o Vale do Silício em São Paulo”. “Acreditamos que, embora demorada, a iniciativa tem grandes perspectivas de sair, deslocando o eixo hoje concentrado em bairros como Vila Olímpia e as avenidas Faria Lima e Berrini”, diz Pacheco, lembrando que a distância dali para a Poli e o IPT, na USP, dá para ser percorrida a pé.
Outro motivo para a escolha do local é que ele está inserido no PIU Vila Leopoldina (Projeto de Intervenção Urbana Vila Leopoldina Villa-Lobos), que prevê a reurbanização de uma área de 300 mil metros quadrados, com uma reordenação do espaço urbano que inclui propostas de moradias e construção e investimento em novos equipamentos públicos. Embora ainda não haja previsão de aprovação, quando sair do papel a iniciativa vai transformar a região, atualmente subutilizada, em um polo, com a atração de várias empresas.
Egresso do mercado financeiro, o gaúcho Jorge Pacheco sempre teve interesse pelos investimentos de impacto. Em 2010, depois de uma experiência internacional, fundou, junto com dois amigos, a Sangha Investimentos, com o objetivo apostar em propostas com retornos sociais. Em paralelo, atuou em projetos de turn around de empresas brasileiras.
Pacheco conta que os problemas encontrados no meio do caminho não foram poucos. “Não foi fácil. Tivemos todos os tipos de contratempos: de investidor que caiu fora com o projeto andando a parceiro que tentou alugar o galpão por fora depois de ter acesso a todas as informações confidenciais”, lembra. Mas diz que valeu a pena: segundo ele, o break even deve ser atingido nos próximos meses.
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Startout Brasil é indicado a prêmio da ONU
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Sage vai vender operação brasileira
A multinacional de software britânica Sage vai vender suas operações no Brasil. A empresa, que comercializa sistemas de gestão para pequenas e médias empresas, divulgou a decisão em seu relatório referente ao ano fiscal de 2019. Segundo o documento, o Brasil é considerado “fora do foco estratégico central da empresa”, pois “a região vende em grande parte soluções que não tem um caminho para o Sage Business Cloud”, produto carro-chefe da empresa. A empresa espera concluir a venda até setembro de 2020. Para isso, a matriz trabalha com a gestão local, liderada por Jorge Carneiro, presidente da Sage Brasil e América Latina, para encontrar um comprador. Enquanto isso, as atividades da empresa, que chegou ao país em 2012, continuam normalmente.
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