Ibovespa recua quase 14% com ceticismo sobre medidas contra pandemia

16 de março de 2020
ReproduçãoReuters

O circuit breaker foi acionado às 10h24, após o Ibovespa cair 12,53%, a 72.321,99 pontos

A Ibovespa fechou em queda de mais de 10% hoje (16), renovando mínimas desde 2018, em nova sessão com circuit breaker, com as últimas respostas de autoridades aos efeitos da pandemia do novo coronavírus trazendo aflição de que a desaceleração nas economias será maior do que se vem projetando.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 13,92%, a 71.168,05 pontos. O volume financeiro somou R$ 52,87 bilhões, influenciado ainda pelo vencimento dos contratos de opções sobre ações, que movimentou 21,36 bilhões de reais.

O circuit breaker foi acionado às 10h24, após o Ibovespa cair 12,53%, a 72.321,99 pontos, o quinto do mês em meio à forte volatilidade nos mercados devido ao vírus e seus efeitos econômicos. Na mínima, o Ibovespa chegou a 70.854,82 pontos, queda de 14,3% e quase disparando um segundo circuit breaker na sessão.

O Federal Reserve e outros bancos centrais, incluindo Banco Central Europeu (BCE) e o Banco do Japão (BOJ), agiram de forma agressiva e emergencial com cortes de juros e ofertas de dólares baratos para ajudar a combater os efeitos da pandemia.

“O vírus está afetando profundamente as pessoas nos Estados Unidos e no mundo”, disse o chairman do Fed, Jerome Powell, ontem (15), após reduzir a taxa de curto prazo para uma faixa de 0% a 0,25%, e anunciar pelo menos US$ 700 bilhões em Treasuries e compras de títulos garantidos por hipotecas nas próximas semanas.

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“A decisão inesperada do Fed acabou gerando uma nova onda de pânico no mercado”, observou o analista de ações Rafael Ribeiro, da Clear Corretora.

“Esse senso de urgência acabou intensificando a hipótese de que a desaceleração da economia por conta do coronavírus será mais forte do que o projetado, como os impactos no sistema financeiro, em especial pelo lado do fluxo de crédito, pode ser mais profundo.”

Em Wall Street, o S&P 500 fechou em baixa de 11,98%, também tendo parado os negócios momentaneamente em razão de circuit breaker.

A equipe do Credit Suisse observou que o mercado parece estar mais cético e “preocupado que essas medidas não serão suficientes para conter o real impacto econômico causado pelo coronavírus, o que pode indicar o início de uma semana ainda bem volátil”, conforme nota a clientes da corretora do banco.

No Brasil, agentes financeiros monitoram o Banco Central, principalmente a possibilidade de um corte nesta semana na taxa Selic, atualmente em 4,25% ao ano.

Economistas do UBS, porém, em relatório a clientes nesta segunda-feira, afirmaram acreditar que os últimos desdobramentos justificam um movimento mais agressivo e preventivo pelo BC. “Nós agora estimamos um corte imediato de 1 ponto percentual, levando a Selic para 3,25%”, afirmaram.

As aéreas sofreram. A Azul fechou em queda de 36,87%, a R$ 15,60, mínima histórica, equivalente a uma perda de valor de mercado de R$ 3 bilhões, para R$ 5,138 bilhões. A empresa anunciou uma série de medidas, entre elas, a redução de sua capacidade consolidada de 20% a 25% no mês de março, e entre 35% a 50% em abril e meses seguintes, até que a situação se normalize. Também comunicou suspensão dos voos internacionais, exceto os que partem de Campinas (SP). A Gol caiu 28,02%, a R$ 8,02, mínima desde julho de 2017 e equivalente a uma perda de valor de mercado de R$ 856,6 milhões, para R$ 2,2 bilhões.

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