Donata Meirelles: Existe vida depois do look do dia

15 de abril de 2020
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Luiza Brasil, da plataforma @mequetrefismos: “O momento é outro, tanto de consumo como de conteúdo”

Com lojas físicas fechadas e o comércio virtual como único meio de sobrevivência do negócio em meio à pandemia da Covid-19, muitas marcas contam com as influenciadoras digitais como aliadas na comunicação de seus produtos junto ao público. Uma pesquisa recente da Youpix, consultoria de negócios para influência e entretenimento digital, em parceria com a plataforma de conteúdo Brunch revelou que 78% das marcas pretendem manter sua verba em influência digital e quase o mesmo percentual vê nos influenciadores aliados para este momento.

Mas os tempos são outros: viagens, fotos ultra produzidas, fashion weeks e looks de streetstyle pertencem hoje a um passado que já parece distante. A horizontalização do conteúdo, com temas diversos que vão de causas urgentes e cuidados com a saúde a dicas culinárias e até de artesanato, entrou na pauta dos posts e Stories, revelando uma capacidade de se adaptar à nova realidade dos seguidores.

“O expediente look do dia não funciona quando as pessoas estão com outras necessidades”, aponta Luiza Brasil, da plataforma @mequetrefismos, que sempre trabalhou em seus vídeos e podcasts conteúdos que vão além do mundo da moda. “O momento planetário é outro, tanto de consumo como de conteúdo. Influenciadores, mais do que nunca, precisam agir como analistas e críticos de seu tempo.”

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Alice Ferraz, fundadora e CEO do conglomerado digital F*Hits

Para Alice Ferraz, fundadora e CEO do conglomerado digital F*Hits, o distanciamento social tem funcionado como uma janela de oportunidades para um conteúdo mais elaborado. “Ainda existe quem encare influenciadores como uma ‘mídia menor’”, adverte ela. “Mas o meio digital se tornou fundamental para as marcas como canal de vendas. As muitas semanas de moda e viagens forneciam o ambiente para a criação de uma imagem de glamour que, muitas vezes, falava sozinha. Agora, com todo mundo dentro de casa, a conversa precisa mudar.”

“O meio digital se tornou fundamental para as marcas como canal de vendas”, Alice Ferraz, da F*Hits

Atenção e cuidado com o conteúdo apresentado têm sido as principais preocupações de Silvia Braz nestes dias de compasso de espera. Em seus super acessados posts no Instagram, ela procura promover boas iniciativas, chamar a atenção para quem se encontra em situação de vulnerabilidade e fornecer informação de qualidade. “Influenciadores e marcas devem se manter conectados com seu público, criando uma comunicação que realmente toque as pessoas”, diz ela.

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Para Silvia Braz, criar uma comunicação que realmente toque as pessoas é essencial para manter a conexão entre o público e os influenciadores

Para Lelê Saddi, outra veterana do universo da influência digital, a solução é dosar assuntos leves, como gastronomia, dicas de como trabalhar em home office e indicações de livros, filmes e séries, com a divulgação de causas humanitárias. “O mais importante é apoiar e divulgar as ações que as marcas estão promovendo, pensando não apenas em seus consumidores, mas nas pessoas em geral”, resume ela. “O momento é sobretudo de compartilhamento. Sinto que entraremos na Década da Colaboração.”

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Lelê Saddi, da plataforma WePick: “O momento é sobretudo de compartilhamento”

Alice fala com entusiasmo do desfile online promovido pela F*hits – filmado pelo fotógrafo Jacques Dekequer, com sua mulher como modelo – que resultou, segundo ela, em quatro vezes mais engajamento do público do que em seus eventos físicos. “Estamos estudando incansavelmente novas possibilidades”, informa. Sobre as lições aprendidas durante a crise, Silvia cita a percepção da vulnerabilidade humana diante de um vírus, a força da união familiar e a consciência de que precisamos nos ajudar uns aos outros. “Esse sentimento de coletividade e solidariedade deve continuar, para sermos pessoas melhores e mais conectadas.”

Uma das saídas apontadas por Luiza Brasil é o aprendizado pessoal e profissional, em sintonia com mudanças que já se faziam necessárias antes da pandemia. “Trabalhar narrativas transformadoras com representatividade, diversidade e empatia por questões sociais”, enumera a influenciadora. “Acredito que não irá sobreviver à crise quem ainda não entendeu que existe um local de equilíbrio no mundo. E que ele não pode mais ser uma gangorra.”

Donata Meirelles é consultora de estilo e atua há mais de 30 anos no mundo da moda e do lifestyle

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