“A nossa situação hoje é pior do que a de Itália, Espanha e Estados Unidos. Por isso, o número de mortes está dobrando em um espaço de tempo menor”, afirmou o epidemiologista Diego Xavier, pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict), da Fiocruz, e um dos responsáveis pelo trabalho. Além de epidemiologistas, geógrafos e estatísticos do Icict/Fiocruz têm trabalhado com a ferramenta para produzir análises sobre o avanço da doença.
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Interiorização
A nota técnica também alerta para a interiorização da epidemia, que está chegando de forma acelerada aos municípios de menor porte do país. Dentre os municípios com mais de 500 mil habitantes, todos já apresentam casos da doença. Naqueles com população entre 50 mil e 100 mil habitantes, 59,6% têm casos. Já 25,8% dos municípios com população entre 20 mil e 50 mil, 11,1% daqueles com população entre 10 mil e 20 mil habitantes e 4,1% dos municípios com população até 10 mil habitantes apresentam doentes de Covid-19.
Para o epidemiologista, a decisão de suspender o isolamento social em municípios que não têm nenhum caso da doença registrado é extremamente temerária, sobretudo em um momento de aumento da velocidade da disseminação da doença. “Estão tomando uma decisão muito arriscada”, disse. O pesquisador lembrou que, mesmo que não haja registro oficial, a doença já pode estar circulando.
Exemplo
Com 14 mil habitantes, dois casos confirmados e um óbito, Santa Branca, no interior de São Paulo, era até ontem (22) o menor município paulista com mais incidência do coronavírus. Até terça-feira (21), 239 municípios do interior paulista (de um total de 645) já registravam casos da doença. Grande parte tinha apenas um registro de infecção, segundo dados divulgados pelo governo do Estado de São Paulo.
O prefeito de Santa Branca, Celso Simão Leite (PSDB), diz que o vírus não circula na pequena cidade do Vale do Paraíba. “Esses casos não são nossos, embora sejam moradores daqui.” Ele contou que as duas pessoas que contraíram o vírus são um casal que mora há muito tempo em Santa Branca, mas, segundo o prefeito, a infecção aconteceu em um hospital de São Paulo, onde a mulher de 71 anos fazia tratamento de câncer. Ela acabou morrendo. “O marido voltou para Santa Branca e está cumprindo uma quarentena rigorosa.”
“A cidade tem um hospital com quatro leitos equipados com respiradores, mas os casos urgentes vão para o hospital de referência, em Jacareí, a 15 quilômetros”, diz Leite. Ontem, todos os leitos estavam desocupados, o que ele atribui ao medo do coronavírus. “Nossa média de atendimento no hospital caiu de 190 para 20 pacientes por dia. Por medo, as pessoas só procuram o hospital em último caso.” As informações são do jornal “O Estado de S. Paulo”. (Com Agência Estado)
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