As mais recentes tendências do mundo dos vinhos

24 de setembro de 2020
Getty Images

Preocupação com visual e aumento no consumo de rosé estão entre os movimentos apontados

Apesar do nível de conhecimento no mundo do vinho ter caído, o envolvimento nessa categoria cresce. Mas a tendência é mudar, com o acesso online e mais tempo que os consumidores resolveram se proporcionar.

Essa queda na busca pelo conhecimento veio graças aos smartphones que armazenam, tiram fotos, fazendo com que o nosso cérebro não precise encher sua biblioteca pessoal, pois essas informações estão todas disponíveis num teclar de dedos.

LEIA MAIS: Como está a colheita de uvas pelo mundo

As mulheres possuem igual, ou maior, conhecimento que os homens nesse setor, mas não são tão envolvidas como eles. Nem gastam no mesmo patamar.

Em termos de visual, lembra-se da frase: “A impressão é a primeira que fica”? Pois bem, essa regra segue crescendo no mundo do vinho com tudo. O visual viralizou. Quanto mais apelo visual, mais informações claras que facilitam as decisões, melhor.

Escolher um vinho não é tarefa fácil, pode ser prazerosa ou frustrante, afinal as possibilidades são tantas que realmente bagunçam os neurônios. As marcas mais antenadas dobraram os investimentos em rótulo e design de garrafa, uma linha tênue para ter sua personalidade e destaque na categoria. Eu já comprei algumas vezes vinhos por causa do rótulo e meu raciocínio é o seguinte: se o produtor teve bom gosto para o rótulo, existe uma boa possibilidade de o vinho ser bom, certo? Nem sempre, mas, há de se creditar a criatividade mundo afora.

Dom Pérignon fez um rótulo em colaboração com o cantor Lenny Kravitz, Taittanger com o fotógrafo Sebastião Salgado, Veuve Clicquot com a artista Yayoi Kusama. São alguns exemplos de investimento em edições especiais linkadas ao visual. Na Cellar Wines, a série de Jules Desjourneys é inovadora, se comparada aos tradicionais rótulos da Borgonha. Beaujolais Villages, Poully-Fuissé e Mâcon-Verzé são alguns dos disponíveis na importadora. Na Delacroix, o irresistível, e com delicioso custo-benefício, Je t’Aime Mais J’Ai Soif (“eu te amo, mas tenho sede”) é uma grande pedida por R$ 127. E sempre dá pra usar essa brincadeira se alguém atrasa, olha eu te amo, mas eu estava com muita sede!

O envelhecimento ativo da terceira idade tem sido considerado muito relevante: em 2060, 30% da população terá mais de 65 anos. Consumidores maduros têm uma grande relevância no mundo do vinho. Mas, apesar de terem grande participação no setor, são menos abertos a tendências. Alguns que conheço dizem que não tem tempo, que já exploraram e tiraram suas conclusões, o que é seguro lhe trará prazer. De qualquer forma, é sempre bom lembrar que águas paradas não movem moinhos. Mas respeitemos o momento de cada um.

Falando em qualidade, esta aumentou frente à diminuição da quantidade. Bebe-se menos, mas, melhor. A economia vai melhorar, mas os consumidores serão mais conservadores buscando custo-benefício, e eles já sabem que é possível se beneficiar da alegria de um bom vinho por valores não tão exorbitantes.

O mercado de premium, superpremium e ultrapremium está projetado para crescer em 2023, alavancado por China e Estados Unidos. A quantidade está diminuindo no setor, pois os consumidores estão mais abertos a explorar outras categorias, como drinques, drinques sem álcool e cervejas. No Reino Unido, tem crescido consumo de gim; nos EUA, optam por cerveja; mas China e México tiveram belo salto na mudança cultural em direção ao mundo do vinho. Uma mudança interessante é o interesse por varietais diferentes do habitual (as mais tomadas são chardonnay e cabernet sauvignon), aumentando o repertório pessoal com experiências gustativas.

Com a crise pandêmica, antecipa-se que o foco será para a produção local, isso ajuda a percebermos mais o que está a nossa volta, do lado, em vez de querer sempre o que já está lá. Isso não significa que não tomarei mais champanhe, mas, significa que outros hábitos já foram substituídos com o sazonal, o suporte aos produtos de onde estou. Inclusive, explorar as varietais à minha volta.

O consumo de rosé aumentou em geral, principalmente com os millennials e, proporcionalmente, sua qualidade também. Um dos motivos? Facilidade de harmonizar. Outra tendência é a consciência com a saúde e o bem-estar, aumentando o consumo de não alcoólicos e bebidas com menor percentual de álcool. Isso significa tomar menos tinto e mais brancos ou espumantes.

E não é só a preocupação com o corpo, mas também com o meio ambiente. Escolhas baseadas nos impactos ambientais estão sendo consideradas. Os dados dessas tendências foram baseados numa pesquisa feita na Austrália, Canadá, China, Japão, Reino Unido e EUA.

Tendências, às vezes, são chamadas de modismo, mas são simplesmente um espelho do comportamento atual. Não precisam ser seguidas, podem ser experimentadas. A melhor tendência que se pode seguir, e é infalível, é a do coração.

Tchin tchin!

Carolina Schoof Centola é fundadora da TriWine Investimentos e sommelière formada pela ABS, especializada na região de Champagne. Em Milão, foi a primeira mulher a participar do primeiro grupo de PRs do Armani Privé.

Siga FORBES Brasil nas redes sociais:

Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn

Siga Forbes Money no Telegram e tenha acesso a notícias do mercado financeiro em primeira mão

Baixe o app da Forbes Brasil na Play Store e na App Store.

Tenha também a Forbes no Google Notícias.