Dia Nacional do Livro: 10 empreendedores revelam as obras que os inspiraram
Sofia Aguiar
29 de outubro de 2020
Divulgação
Rodrigo Barros, CEO da Boali, rede brasileira de alimentação saudável
O ano de 2018 impactou gravemente o mercado editorial no Brasil e, desde então, o setor escreve decisivos e dolorosos capítulos. Há dois anos, a rede Laselva decretou falência com dívida de mais de R$ 100 milhões e, em seguida, a francesa Fnac fechou sua última unidade no país, em São Paulo. Em seguida, as vítimas foram duas grandes redes de varejo, a Livraria Cultura e a Saraiva, que anunciaram o fechamento de diversas unidades e renegociação de dívidas com fornecedores.
Desde a proposta de taxação de livros proposta pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, em julho deste ano, a indústria livreira voltou ao cenário nacional como um símbolo de resistência. O setor é isento de impostos desde a Constituição de 1946, quando o escritor Jorge Amado apresentou uma emenda constitucional que consagrou a não tributação das obras literárias. A imunidade foi mantida pela atual Constituição de 1988 e, em 2004, o mercado editorial foi desonerado também do PIS (Programa de Integração Social) e Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social). No entanto, a atual reforma tributária proposta pelo governo pretende unificar ambas as contribuições sob a criação da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), em uma alíquota única de todos os serviços e produtos de 12%. Como a imunidade diz respeito a impostos – e impostos e contribuições sociais são espécies tributárias distintas -, a emenda proposta pelo escritor baiano seria suspensa, deixando os livros sujeitos à tributação.
A ameaça do fim da imunidade do setor pode interromper os sinais de melhora dos últimos meses. Se, por um lado, a imposição do isolamento social pela crise do novo coronavírus desestabilizou a economia mundial, por outro ela gerou um maior consumo de leitura. Apesar da queda inicial do mercado livreiro nos primeiros meses do ano, os números do Snel (Sindicato Nacional dos Editores de Livros) mostram que, entre junho e julho, o segmento vendeu 2,95 milhões de títulos e teve um faturamento acima de R$ 117 milhões.
Impulsionado principalmente pelas vendas e conteúdos online, o setor varejista trouxe novas oportunidades e potencializou a ruptura do antigo padrão restrito ao livro físico. Com ações como disponibilização de e-books grátis por editoras no início da pandemia e produção de lives para divulgação de lançamentos de obras, o e-commerce conseguiu recuperar uma parte que foi perdida com o fechamento das livrarias físicas e, ao transcender o espaço físico, passou a agregar novos consumidores.
Como um dualismo pandêmico, no entanto, o varejo físico sofreu as consequências diretas do isolamento social. A falta de recursos para a elaboração de uma estrutura digital fez com que livrarias de pequeno e médio portes não desfrutassem de mecanismos digitais para se manterem competitivas no mercado. Sem uma perspectiva concreta para o longo prazo, esses estabelecimentos ainda sofrem os fortes efeitos do contexto atual. Graças à ainda modesta participação do varejo digital, no entanto, o setor em geral mantém certo ânimo. Como tendência, o pós-pandemia exigirá uma liderança ainda maior das plataformas digitais no novo cenário mercadológico. A atual crise, portanto, mostra ser da livraria – e não do livro.
Neste Dia Nacional do Livro, data criada em 1810 em comemoração à fundação da primeira biblioteca do país, a Real Biblioteca, no Rio de Janeiro, a literatura como elemento atemporal e pilar cultural deve ser relembrada. De opção de lazer a porta de entrada para a emulsão de ideias, o livro agrega valor identitário nacional.
Para exemplificar sua influência como ferramenta de desenvolvimento humano – pessoal e profissional –, a Forbes reuniu empreendedores e executivos que buscam, na literatura, o estímulo para crescerem. Veja, na galeria a seguir, 10 obras inspiradoras, na visão desses profissionais, que foram determinantes para a construção de suas identidades: