Estes são os 5 gatilhos de consumismo durante a pandemia

29 de março de 2021
Tim Robberts/Getty Images

Os gatilhos que levam a compras impensadas em cenários caóticos – como a pandemia – se movem nas sombras

Todo excesso esconde uma falta. Já ouviu essa frase antes?

Ela faz ainda mais sentido em um cenário que, por si, já conta com diversas fontes de escassez. A pandemia trouxe à tona medos que, até então, nossa mente deixava muito bem guardados. Medo da morte, de perder quem se ama – sem falar na falta de contato físico, saudades, ansiedade e tantos outros sentimentos difíceis de lidar.

É neste caldo que surge aquela coceirinha: que vontade de comprar algo. O quê? Não sei, mas que vontade.

Segundo a SBVC (Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo), as vendas no e-commerce brasileiro cresceram 41% em 2020 – e é justamente no comércio online que os impulsos ficam mais fortes, já que não é preciso nem sacar o cartão para sentir o dinheiro saindo.

Os gatilhos que levam a compras impensadas em cenários caóticos – como a pandemia – se movem nas sombras. Vamos jogar luz neles?

#1: Tédio

É notável a falta que faz aquela saída com os amigos ou o almoço em família. Com as saídas de casa restritas ao supermercado ou trabalho, as alternativas para distrair a mente estão restritas ao indoor.

Enquanto alguns se adaptam com mais facilidade, outros sofrem. Aqui entram as compras – e aquela descarga de dopamina quando se clica em “comprar”.

Antes de cair nessa armadilha, feche a aba da compra e respire fundo.

Encontrar hobbies para fugir do tédio é uma ótima saída para evitar o conflito. Por exemplo, eu aprendi a bordar neste período em casa. O que você quer aprender, mas vive procrastinando? Essa é a hora!

#2: Tristeza

Existe um fenômeno cientificamente comprovado chamado miopia da tristeza. Ele é responsável por levar as pessoas a preferirem satisfações imediatas – como gastar o que se tem em um instante –, em vez de desfrutar dos ganhos maiores que vêm com a espera – como investir.

Essa descoberta foi feita pelos departamentos de psicologia das Universidades de Harvard e Columbia, nos Estados Unidos.

Além disso, a miopia da tristeza faz com que o gasto em si receba mais atenção do que o benefício que ele poderia trazer. Você sente mais prazer em gastar do que usufruir do que você comprou.

#3: Baixa autoestima

Este tópico vai além da vaidade. Ele inclui a sensação de não ser produtivo o suficiente, as mudanças que o corpo passou durante o tempo em casa e a rotina dura – especialmente pesada para as mulheres, cuja dupla jornada se intensificou.

A indústria promete soluções rápidas – um batom, uma máscara facial ou mesmo uma roupa nova (para usar em casa).

Eu pergunto: essas compras vão mesmo resolver sua baixa autoestima?

Urge entendermos que não podemos medir nossa produtividade ou vaidade com a mesma régua de antes. Nada será como antes no “novo normal” – e tudo bem.

#4: Solidão

Um estudo publicado no Journal of Consumer mostrou que fazer compras pode diminuir este sentimento durante algum tempo.

É tentador recorrer ao cartão de crédito para aliviar a solidão – ainda mais quando não se pode estar fisicamente com amigos e família.

No entanto, mais uma vez, respire fundo, feche a aba do e-commerce e abra o WhatsApp. A tecnologia está aí para ser usada: faça chamadas de vídeo, envie mensagens de áudio, ligue para quem você ama.

#5: Inveja

Não tem problema admitir que você achou a grama do vizinho mais verde que a sua – ainda mais em tempos de Instagram.

Em vez de ostentarem com roupas e maquiagens, a pandemia fez com que gastar em upgrades na própria casa fosse o novo must. Só mudou o item de desejo – a vontade de ter permaneceu a mesma.

Antes de ir no impulso de querer ter uma casa tão linda quanto a de fulano no Instagram, pare e se pergunte: o que realmente tem valor para você? Quais são as suas prioridades? É melhor usar seu dinheiro para as prioridades ou para aquilo que fará os outros felizes e satisfeitos?

No final das contas, quem estará em casa lidando com as próprias escolhas será você. Escolha sabiamente.

Carol Sandler é jornalista, educadora financeira e fundadora do Finanças Femininas, a maior plataforma online do Brasil de educação financeira para mulheres. É apresentadora do podcast “Meu Dinheiro, Minhas Regras” e colunista da Rádio Bandeirantes. Autora dos livros “Dinheiro Nasce em Árvore?” e “Detox das Compras”, além de coautora do “Finanças Femininas – Como organizar suas contas, aprender a investir e realizar seus sonhos”. Instagram: @financasfemininas

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