Por que então criar uma plataforma de educação financeira para mulheres? Eu explico: nossas histórias são diferentes (as mulheres começaram a ganhar seu próprio dinheiro e ter a responsabilidade de geri-lo apenas a partir do final dos anos 1960). Nossos contextos são diferentes (vivemos em um mundo de desigualdade salarial, desigualdade patrimonial, pink tax…). E nossa relação com dinheiro também é muito diferente.
Basta lembrar como o papel econômico da mulher na sociedade mudou no último século. Deixamos de ser apenas consumidoras para nos tornarmos geradoras de riqueza e investidoras em pouco tempo. Eu costumo brincar que o mercado financeiro foi “criado à imagem e semelhança do homem” e nós, mulheres, chegamos para participar desta história há pouco tempo.
E esta é uma conquista que deve ser celebrada por todos nós – homens e mulheres. É muito fácil encararmos esta transformação da sociedade como uma discussão feminina. O feminismo, afinal, sempre foi uma questão das mulheres, certo?
Errado. A igualdade beneficia a todos. Um país onde homens e mulheres têm o mesmo potencial salarial e no qual todos sabem cuidar do seu dinheiro e investir é um país mais rico. Famílias onde reina a igualdade salarial são mais prósperas – e até as brigas por dinheiro diminuem. Um estudo realizado pelo banco de investimentos UBS mostrou que 93% dos casais que dividem a gestão financeira a dois dizem cometer menos erros.
Empresas com políticas claras de diversidade tendem a ser mais lucrativas e terem melhores ratings. Levantamento da consultoria McKinsey revelou que companhias com maior diversidade de gênero têm 21% mais chances de ter resultados acima da média do mercado, enquanto pesquisa realizada pela agência de ratings Moodys encontrou uma clara correlação entre empresas que possuem mulheres nos conselhos e notas de crédito superiores.
Todos ganham mesmo – a Organização Internacional do Trabalho (OIT) tem uma pesquisa que mostra que o PIB global anual ganharia US$ 28 trilhões com a plena igualdade salarial entre homens e mulheres.
Foi com esta visão que fundei o Finanças Femininas, há oito anos. Desde então, trabalho para promover a educação financeira de mulheres com a visão clara de que esta é uma ferramenta para que consigam construir a sua independência e autonomia.
Ainda temos um longo caminho a percorrer – e precisamos de cada vez mais aliados e multiplicadoras. Vamos juntos?
Carol Sandler é jornalista, educadora financeira e fundadora do Finanças Femininas, a maior plataforma online do Brasil de educação financeira para mulheres. É apresentadora do podcast “Meu Dinheiro, Minhas Regras” e colunista da Rádio Bandeirantes. Autora dos livros “Dinheiro Nasce em Árvore?” e “Detox das Compras”, além de coautora do “Finanças Femininas – Como organizar suas contas, aprender a investir e realizar seus sonhos”. Instagram: @financasfemininas
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