É amor ou dependência emocional?

11 de maio de 2021
Thanasis Zovoilis/Getty Images

Algumas vezes, o relacionamento que deveria ser um compartilhamento da vida torna-se uma relação de completa dependência emocional

Tudo o que se espera quando se inicia um relacionamento é a construção de uma parceria, de forma que ambos cresçam, aprendam e amadureçam juntos. Algumas vezes, no entanto, o que deveria ser um compartilhamento da vida torna-se uma relação de completa dependência, uma dependência emocional.

Relações amorosas envolvem a interdependência dos dois parceiros, ou seja, um depende do outro de alguma forma. O que não é normal é quando um dos membros depende do outro para satisfazer todas as suas necessidades emocionais. Sem aquele outro, essas pessoas acreditam – e muitas vezes de fato sentem – que não vão sobreviver e vão naufragar. É quase como se fosse uma obsessão.

O grande problema é que é fácil confundir dependência com amor, pois ambas as situações envolvem fortes sentimentos.

Não é fácil romper esse vínculo. A bem da verdade, exige extrema coragem porque, em situações de dependência emocional, os dependentes sabem qual é o papel deles ali, o que fazer para ganhar atenção, como tirar prazer daquilo. A identidade daquelas pessoas de certa forma está mesclada à do outro. Tira-se esse cenário, esse parceiro ou parceira, resta quem? Será uma descoberta, mas em algum momento é preciso arriscar e abandonar aquilo que se confunde com segurança, mas que, na realidade, é nocivo.

Aprender a encontrar força para manter-se em pé sozinho, bem como a felicidade dentro de si, independente de uma outra pessoa, é um dos atos mais importantes e bravos que podemos fazer por nós mesmos. Uma das formas de fazer isso é identificar o nosso propósito. Precisamos descobrir onde queremos chegar.

Imaginemos a estrada que leva ao Rio de Janeiro. Ainda que façamos o percurso errado e descubramos no meio do caminho que, por isso, precisamos retornar, é importante saber que há uma via que nos levará efetivamente até lá. Quando temos a certeza de que há uma estrada e que, ao final dela, está o lugar para onde queremos ir, isso nos acalma e nos dá ânimo para enfrentar essa jornada.

Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.

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