Pois saiba que relacionamentos tóxicos não se restringem ao campo das relações interpessoais. Nós, médicos que cuidamos de saúde mental, temos visto um número muito grande de pessoas ligadas a seus trabalhos de forma tão danosa que as levam a ficar seriamente doentes.
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1. Confusão de papéis
Quem se relaciona de maneira tóxica com o trabalho não consegue diferenciar entre quem é ela própria e o papel que desempenha na empresa. O pessoal e o corporativo ficam misturados. Surgem sentimentos como culpa e desvalia (não se sentir valorizado). O trabalho deixa de dar prazer e torna-se uma obrigação, e a pessoa passa a trabalhar só para tentar evitar o desprazer dessa situação tóxica. É justamente essa bola de neve que acaba por gerar o burnout, quadro caracterizado pelo esgotamento absoluto – físico, mental e emocional.
2. Medo de se desligar do trabalho
Assim como em uma relação pessoal, quem vive um relacionamento abusivo com o trabalho tem medo de se desligar do emprego porque acredita que não há mais nada para ela além daquilo, que ela não merece ou não é capaz de encontrar algo melhor.
3. Sem limites
O lado nocivo disso tudo é que a maioria dos que se relacionam dessa maneira com o trabalho se acostumam com esse “normal”, se convencem de que não merecem coisa melhor ou se habituam a estar nesse papel de “escravo”, já que, pensam, a vida é assim mesmo.
Se você não consegue dar o primeiro passo sozinho para sair dessa situação, não há nada errado em pedir ajuda profissional ou ajuda de alguém de quem gosta. A vida é curta e é preciso quebrar esses ciclos nocivos.
Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.