Resistir à tentação de abraçar o mundo e entregar todo o tipo de serviço aos seus clientes, da mesma maneira que fazia nos tempos pré-pandemia, pode ser um desafio difícil de superar, mas é essencial que o empreendedor internalize este pensamento e o coloque em prática na sua operação, principalmente se falamos de empresas menores, que precisam, hoje mais do que nunca, ter uma operação econômica. Como explica Tullman, todos sabemos das dificuldades impostas ao mundo pandêmico, inclusive seus clientes, que precisam – e certamente irão – compreender que seu portfólio esteja levemente mais enxuto neste momento.
Outra palavra de ordem citada pelo empreendedor, que pode soar ligeiramente contra-intuitiva, é ‘desacelerar’. Quando o mundo inteiro está com pressa de ingressar no novo normal – com o perdão da já demasiada gasta expressão -, é hora de pisar no freio. Este não é um sprint. Quem gosta do bom empreendedorismo, anseia que essa seja uma maratona.
Para exemplificar como a velocidade pode ser prejudicial em certas ocasiões, Howard Tullman lembra do exemplo dos restaurantes que, em todo o mundo, estavam desesperados para voltar a atender multidões de clientes. Quando, na maioria da Europa e Estados Unidos, houve uma autorização de abertura a um maior público, isso desencadeou imediatamente entre os empreendedores do setor alimentício de serviços incontáveis novas construções, incrementos, reformas, ampliações de estrutura, e alto investimento em instalações de novos mecanismos de condicionamento e filtros de ar.
Foi então que a segunda onda da Covid-19 pegou todos de surpresa e os obrigou a fecharem suas portas novamente. O resultado foi a existência, em várias partes do mundo, de empreendedores arrependidos por terem metido os pés pelas mãos, se lamentando por terem investido tanto dinheiro em um momento errado, por terem se esborrachado no chão ao tentar correr no momento em que deveriam estar tentando reaprender a andar.
Martha Stokes, CEO e cofundadora da TechniTrader, se dedicou a pesquisar como as economias antigas reagiram depois de atravessarem uma grande pandemia global, a exemplo da que estamos enfrentando atualmente. Ela comenta que dados históricos oferecem informações que têm a capacidade de auxiliar os empreendedores e investidores a compreenderem como as empresas podem sobreviver a períodos de turbulência.
Esses novos consumidores passaram a ter acesso a eletrodomésticos, eletroeletrônicos e veículos, produtos que, anteriormente, estavam ao alcance somente das mais altas classes sociais. A mudança impulsionou as linhas de montagem em massa dentro da indústria e fez com que os anos 20 testemunhassem a aceitação e incorporação de novas tecnologias de um modo e a uma velocidade nunca antes vistas.
Agora, cerca de 100 anos depois, enfrentamos uma nova pandemia global. E o que os consultores visualizam para a economia? A 4ª Revolução Industrial, que se avizinha rapidamente para criar uma nova classe de investidores e consumidores. Agora, prossegue Stokes, os mercados financeiros estão muito mais propícios para serem encarados como um negócio, à medida que as oportunidades de emprego se esvaziam devido ao avanço dos segmentos ligados à robótica.
Além do mais, o avanço das novas tecnologias, do machine learning, 5G, internet das coisas e cidades conectadas têm potencial de implementar alterações holísticas e transformações exponenciais em toda a sociedade de consumo, projetando um período de mudança extrema prevista para os anos imediatamente posteriores à pandemia.
Aos dois imperativos de negócios apresentados por Howard Tullman – manter o foco e simplificar -, Weidemeyer adiciona mais dois: saiba adaptar suas operações e seja resiliente. Mais do que nunca, as empresas precisarão pensar em como farão para se reconectar com sua força de trabalho e que ações colocarão em prática para: reparar cadeias de suprimentos que foram quebradas; reduzir custos; diminuir riscos operacionais e garantir o acesso do cliente ao seu serviço ou produto novamente.
A pandemia nos apresenta uma chance única, conclui o sócio-sênior da EY, e esta oportunidade é ao mesmo tempo um desafio: de passar de uma economia em crescimento para uma economia baseada em valor, mais colaborativa, digital como nunca, permeada por uma nova atitude, colocando em prática dentro de cada empresa novas e disruptivas características: criando uma força de trabalho flexível, agilizando a cadeia de suprimentos, desenvolvendo finanças sustentáveis e se adequando a um novo tipo de cliente.
Camila Farani é um dos “tubarões” do “Shark Tank Brasil”. É Top Voice no LinekdIn Brasil e a única mulher bicampeã premiada como Melhor Investidora-Anjo no Startup Awards 2016 e 2018. Sócia-fundadora da G2 Capital, uma butique de investimentos em empresas de tecnologia, as startups.
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