Por que os CIOs devem apresentar o edge computing para o conselho de administração das empresas?

9 de junho de 2023
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O edge computing vem crescendo rapidamente e está entre os principais tópicos da agenda do CIO.

Para ser bem-sucedido em sua função, o diretor de tecnologia da informação – o CIO – deve hoje dominar várias habilidades, desde tecnologia até operações e fundamentos de negócios. O profissional deve ter visão tática e conhecimento do setor para identificar as soluções certas que ajudarão a atingir as metas de transformação digital definidas por sua empresa.

A computação na borda (edge computing) vem crescendo rapidamente e está entre os principais tópicos da agenda do CIO. Ela está mudando a maneira como as empresas operam – transformando os resultados e impulsionando o crescimento. Mas com tanto mal-entendido em torno desta nova forma de processamento de informações e dados na borda, como os CIOs podem posicioná-la como um investimento essencial para diretores executivos e financeiros? 

À medida que o interesse pela computação na borda cresce, os CIOs devem se preparar para defender junto aos conselhos de diretores as vantagens dessa tecnologia, com foco na eficiência e na melhor tomada de decisão. São esses pontos que vou explorar adiante.

Deixe claro o que é a computação na borda e seus benefícios generalizados para o negócio

A computação na borda pode ser difícil de definir. De uma maneira simplificada, o edge computing é o ponto onde os dados são gerados e processados, de modo que necessitam ser usados para desenvolver valor imediato e essencial para determinada aplicação naquele local. Aqui estamos nos referindo a um local de proximidade de uma unidade de negócio – como estabelecimento comercial, loja, centro de distribuição e unidade fabril – ou à parte externa de um data center convencional com – em alguns casos – condições ambientais extremas, onde as informações são coletadas e consumidas por pessoas ou dispositivos.

A ascensão da computação na borda sinaliza uma mudança no poder de processamento saindo dos data centers tradicionais e indo direto para onde o dado é gerado. Ou seja, muito mais próximo do usuário. Nos próximos anos, por exemplo, a consultoria Gartner prevê que 75% dos dados mundiais serão produzidos e consumidos fora de uma nuvem pública ou data center, sendo, desta forma, gerados na borda.

Os CIOs e líderes de tecnologia estão cientes dos desafios atuais no processo de coleta, de gestão e de uso de informações armazenadas em um data center tradicional. Agora imagine que três quartos desses dados serão repentinamente transpostos para fora desses ambientes controlados. As organizações devem garantir que estão prontas para isso e, portanto, o CIO deve ser capaz de comunicar os benefícios da computação na borda de forma clara e tangível. A borda coloca o poder de processamento próximo à rede de comunicação, e não nos data centers, permitindo uma tomada de decisão rápida com latência quase zero. 

Como as equipes de dados não precisam mais esperar que os dados sejam transferidos para a nuvem ou data centers para processamento, os custos operacionais são reduzidos enquanto a confiabilidade e a resiliência aumentam. Mesmo ao lidar com conectividade ruim em áreas isoladas ou remotas, é possível obter dados na borda. Além disso, tecnologias cada vez mais populares – como inteligência artificial (IA) e aprendizado de máquina (ML) – que exigem grandes volumes de dados passarão a contar com resultados mais rápidos e confiáveis.

Mostre por que há valor em ter dados na borda ao tomar decisões em tempo real

Quando se opera na borda, é possível ter um impacto positivo imediato nos negócios. Na borda, os CIOs podem agir rapidamente com base em informações extraídas das vastas faixas de dados às quais agora têm acesso. Isso ocorre porque os dados coletados na borda não precisam ser transmitidos para data centers distantes, o que significa que dispositivos e aplicativos inteligentes respondem às informações quase sem atraso.

Além disso, os CIOs podem ser mais seletivos sobre quais dados coletam, cortando custos e recursos, mas também diminuindo a complexidade, pois equipes e máquinas não precisam filtrar grandes quantidades de dados para adquirir informações úteis. É importante lembrar que os dados de borda ainda podem ser tão ruidosos quanto os dos data centers – nem sempre são valiosos e ainda exigem deliberação para escolher o que é útil e o que não é. Mas o ponto principal é que a coleta de dados na borda permite uma melhor tomada de decisões em todos os níveis, o que pode resultar em operações de negócios totalmente transformadas, com maior eficiência e mais crescimento de receita. 

Veja o setor de manufatura, por exemplo. Se uma organização estiver monitorando um equipamento crítico em uma fábrica remota para possível reparo ou substituição, desde que os dados não estejam flutuando, as informações não precisam ser transmitidas para um data center distante. Mas, se ocorrer alguma anomalia nos dados, a empresa pode reagir enviando um engenheiro para corrigir o problema ou fornecer uma substituição.

Seus concorrentes já estão investindo em computação na borda

Até 2030, o mercado global de computação na borda atingirá mais de US$ 155 bilhões. É uma estatística impressionante, especialmente considerando o pico de crescimento esperado para os próximos anos, com o mercado almejando desfrutar de um crescimento anual composto de quase 39% nos próximos oito anos. Embora pesquisa da consultoria IDC mostre que a maioria (85%) dos investimentos de computação na borda está atualmente focada em hardware (com o restante colocado em software), é esperado que até 2025 a linha de serviços representará 50% de todos os gastos de borda; incluindo recursos como plataformas relacionadas à borda e software como serviço, conectividade e serviços profissionais.

De fato, a consultoria Gartner prevê que conceitos emergentes, como borda de serviço de acesso seguro (SASE, na sigla em inglês), causarão interrupções significativas na computação em nuvem, formando novas categorias e gerando grandes oportunidades de receita. Até agora, a maioria dos CIOs reconhece a viabilidade da borda e sua posição de comando no futuro do processamento de dados e da computação. A pesquisa acima prova que os gastos continuarão a aumentar nos próximos anos e, quando combinados com a computação na borda e seus benefícios tangíveis e generalizados, os CIOs possuem um argumento convincente para propor maior investimento voltado para essa solução ao conselho das empresas.

A melhor maneira de adotar a computação na borda varia de empresa para empresa e de setor para setor. Os casos de uso serão diferentes dependendo de muitos fatores, como se a organização oferece suporte a trabalho remoto ou flexível ou quão significativo é o papel que a internet das coisas (IoT), a Inteligência Artificial e a automação desempenham em suas operações de negócios. Seja qual for o cenário, há uma constante que não pode ser jamais desprezada: a computação na borda está transformando os resultados de negócios para melhor. É papel dos CIOs demonstrar as vantagens dessa tecnologia para o conselho de administração de suas empresas.

Luis Gonçalves, Líder da Dell Technologies na América Latina

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