O que o investidor deve fazer para atravessar 2020

Apresentado por
12 de maio de 2020
GettyImages/ Phongphan Supphakankamjon / EyeEm

O estrategista Marco Saravalle dá dicas para enfrentar um ano completamente atípico para o mercado financeiro

Passados quatro meses de 2020, muitas pessoas estão questionando seu perfil de investidor. Produtos que antes pareciam extremamente atrativos por conta do alto retorno, agora mostraram sua outra face, com risco proporcionalmente elevado. A crise também abalou fundamentos sólidos de empresas que eram boas pagadoras de dividendos, além de deixar a situação de quem estava acostumado com a renda fixa mais desconfortável. Qual o melhor caminho para o restante do ano?

Para responder a essa pergunta, conversamos com Marco Saravalle é estrategista de investimentos, palestrante, fundador e membro do SmallCaps Exponenciais na Saravelle e CFO da Apimec.

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O mercado de renda variável sofreu muito em 2020, e estamos somente no quarto mês do ano. Muitas pessoas estão “redescobrindo seu perfil de investidor”?

Com certeza. O perfil de risco é avaliado desde o momento inicial, quando o investidor cria sua conta na corretora, o suitability. Mas, mesmo assim, muitos investidores ignoram este formulário e, com promessas e expectativas de grandes ganhos no curto prazo, acabam alocando seus ativos com risco acima de seu perfil. Com as quedas que tivemos recentemente, os investidores acabam se “autoconhecendo”. Considero como um processo natural (e contínuo) de todo investidor e de muito aprendizado.

O índice de small caps recua mais que o Ibovespa no ano. Você ainda enxerga boas oportunidades nessa classe de ativos? Ou é o momento de ter cautela e ir nas “blue chips”?

Se enxergarmos a assimetria de retornos das small caps com as blue chips, podemos observar que, historicamente, as smalls caps sempre performaram mais pelo conceito do prêmio de risco intrínseco ser maior, podendo ser lido por “betas” maiores também. Vejo boas oportunidades sim, muitas empresas estão descontadas, sendo negociadas abaixo de seu valor patrimonial, mas o foco do investimento é sempre no longo prazo. A cautela, na qual o conceito de hedge é aplicado, independente do cenário econômico, e sempre devemos ter em carteira determinadas proteções. O ideal em alocação de ativos é a diversificação e balanceamento da carteira, sempre considerando o perfil de risco do investidor.

O investidor com perfil conservador está acompanhando as projeções de inflação e juros serem reduzidas toda semana. Qual o caminho para buscar um retorno maior?

O investidor passivo que busca segurança maior de seu portfólio, que tradicionalmente sempre esteve alocado mais em renda fixa, está observando este novo patamar de juros historicamente baixos e inflação nas mínimas. Para continuar em busca de retornos consistentes, o investidor passivo precisa encontrar ativos com mais risco, mas sem deixar de lado a qualidade deste ativo. O conceito é conhecido como “fly to quality”, pois o ativo que o investidor está alocado atualmente, normalmente não está remunerando com o mesmo risco de antes, e este movimento está acontecendo gradualmente, gerando grandes oportunidades de retornos no médio/longo prazo. Os investidores vão ter que aprender a viver (ou conviver) com mais risco para ter a possibilidade de melhores retornos.

Diversas empresas estão postergando o pagamento de dividendos. O que diria a um alguém que está acostumado a investir em boas pagadoras de dividendos?

Digo sempre para focar no longo prazo. Grandes investidores aqui no Brasil, como Luiz Barsi e Luis Alves, e Warren Buffett, nos Estados Unidos, sempre focaram em fundamentos alinhados ao longo prazo com este objetivo de ganhar com os dividendos. O que fez estes investidores ganharem dinheiro acima da média foi o tempo do capital investido e sua capacidade de comprar empresas boas com preços descontados. A empresa poderá adiar os pagamentos por razões de curto prazo e isso não afeta a tomada de decisão se o ativo se tornar atraente no longo prazo.

Vemos muitos investidores olhando sua carteira de investimentos com pouca frequência. Qual a importância do rebalanceamento em um momento como esse?

O rebalanceamento da carteira é imprescindível tanto no mercado de baixa quanto no de alta. Quando vendemos uma ação porque valorizou muito e compramos uma ação que está descontada, isso já é um rebalanceamento. Por isso a importância do investidor olhar com periodicidade a sua carteira, para buscar retornos consistentes e até mesmo acima da média do mercado. O investimento é um exercício diário de buscar oportunidades e, somente com esta postura ativa, o investidor poderá se destacar em seus retornos.

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