“O fluxo estrangeiro virou, mas óbvio que uma intensidade maior nesse movimento vai depender do nosso fiscal”, disse David Beker, chefe de economia e estratégia do Bank of America, prevendo que o Brasil receberá US$ 60 bilhões em investimento direto no país (IDP) em 2021, acima dos US$ 45 bilhões previstos para este ano.
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Na América Latina, o mercado de ações brasileiro é o único com recomendação “acima da média do mercado”. O BofA está “marketweight” em México e Peru, “underweight” no mercado chileno e sem exposição a Argentina e Colômbia.
No caso do câmbio, o banco calcula o dólar a R$ 5,10 no término de 2021, abaixo dos R$ 5,23 de hoje (2). “Ficamos entre R$ 5,50 e R$ 6 por muito tempo, o risco agora é romper os R$ 5, mas apenas se o Brasil fizer a lição de casa fiscal e o exterior se mantiver favorável”, disse Beker.
Uma valorização mais acentuada do real ainda seguirá limitada, de acordo com Beker, pelo nível historicamente baixo da taxa de juros, que mantém a moeda brasileira atrás em termos de retornos na comparação com vários de seus principais pares.
O gradualismo no aumento de juros em 2021, no cenário-base do BofA, se deve à perspectiva de que o quadro inflacionário continuará benigno. Beker ainda estima que, em termos anuais, o IPCA deva continuar em ascensão até o primeiro e segundo trimestres de 2021, mas na sequência começará a recuar, fechando 2021 com acréscimo de 3,6%, ainda abaixo do centro da meta do ano que vem (3,75%).
Num contexto de inflação benigna e Selic em alta apenas gradativa, Beker avalia que o mercado de juros está com excesso de prêmio e que faz sentido posição vendida nos DIs janeiro 2022 e janeiro 2023. O DI janeiro 2022, por exemplo, está em 3,015% ao ano, mais de 100 pontos-base acima do CDI atual, de 1,90%.
No caso do PIB, o executivo do BofA ainda vê crescimento de 3% em 2021, depois de queda projetada de 4,1% neste ano. O BofA diz ainda não ver elementos para “ir além” na expectativa de expansão da economia e cita, por exemplo, chance de encerramento do coronavoucher, com impacto no consumo das famílias. “Então no começo do ano a atividade pode ter desafios”, disse.
“O resumo da história é um cenário construtivo. Tem alguns riscos externos, principalmente o timing a vacina, a questão do comportamento das políticas nas economias globais e o risco doméstico principal que é o fiscal, mas as notícias mais recentes são encorajadoras”, finalizou o executivo. (Com Reuters)
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