Millennials devem impulsionar o mercado de ações por anos

10 de fevereiro de 2021
GettyImages

Apesar de os jovens serem donos de 5% de toda riqueza norte-americana, essa geração está mudando os rumos dos ativos em Wall Street

Um grupo de mensagens destrói um importante fundo hedge de Wall Street. Você certamente já ouviu falar sobre a saga WallStreetBets/GameStop, o que para muitos investidores é um sinal de que os mercados estão caminhando para um crash.

De fato, as buscas no Google por “bolha do mercado de ações” atingiram os níveis mais altos da história. E uma nova pesquisa do E-Trade (subsidiária da Morgan Stanley) revelou que dois terços dos investidores pensam que o mercado está em uma bolha.

E se eu dissesse que este é o início de uma megatendência que impulsionará as ações de empresas disruptivas pelos próximos anos? Essa história é muito mais profunda do que um bando de usuários comuns da internet pressionando profissionais.

Tudo isso tem a ver com a geração de jovens adultos de hoje, também conhecida como “millennials”. Nós zombamos dessas ‘crianças’ por anos. Você provavelmente já ouviu falar que essa geração não possui nenhum ativo. Eles não participavam dos mercados, apenas moravam com os pais.

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Os “millennials”, de fato, podem ser a geração mais pobre do último século. Um estudo do Banco Central dos Estados Unidos (Federal Reserve, em inglês) mostrou que os jovens possuem apenas 5% de toda a riqueza dos Estados Unidos, bem abaixo da parcela de 26% que os baby boomers (pessoas que nasceram entre 1946 e 1964) acumularam em idade semelhante.

Uma pesquisa Gallup de 2019 revelou que apenas um terço dos “millennials” investem no mercado de ações. Mas tudo isso está mudando.

As “crianças” estão, finalmente, dominando

Os jovens invesiram em ações como nunca antes em 2020. A corretora digital Charles Schwab conquistou um recorde de 4 milhões de novos clientes no ano passado, mais da metade desses novos investidores tem menos de 40 anos.

Os norte-americanos abriram 10 milhões de novas contas em plataformas de investimentos em 2020, sendo mais da metade delas na corretora favorita dos “millennials”, a Robinhood. Como você deve saber, a Robinhood é extremamente disruptiva no mundo das finanças. Foi pioneira a oferecer negociação de ativos com taxa zero. Seu aplicativo para celular permite que os usuários comprem e vendam ações com apenas um deslizar na tela.

A Robinhood tem mais de 15 milhões de clientes, com idade média de 31 anos. Adivinhe qual a idade que os “millennials” farão neste ano? 32

Importante lembrar que o mote dessa geração era de que eles não possuíam ativos financeiros. No entanto, eles finalmente estão entrando no mercado, e agora muitos reclamam que as ‘crianças inexperientes’ estão alimentando uma bolha.

Eles veem essa geração tomando riscos e pensam: “É realmente uma coisa boa que os “millennials” estejam levando as ações a preços absurdos? Investir não deveria ser o oposto?”

O que aconteceu com a GameStop foi uma grande mudança, pois mostra que esses jovens investidores são capazes de movimentar o mercado. Mas isso é muito mais profundo do que os “millennials” ficando ricos com um short squeeze. A verdadeira história é que a maior geração da história norte-americana está entrando no mercado de ações pela primeira vez.

Isso vai alimentar um grande boom em ativos disruptivos

Obviamente que alguns millennials vão especular sobre as ações para ganhar dinheiro rápido, mas eles são investidores revolucionários no coração. A Apex Clearing analisou 1,8 milhão de contas de negociação de investidores americanos com 32 anos de idade. Suas principais participações?

Tesla, Apple, Amazon e a empresa chinesa de carros elétricos Nio. Eles também despejaram bilhões em outros ativos como Square, NVIDIA e Palantir.

Resumindo, esses jovens amam investir em empresas que mudam o mundo. A ideia de que os “millennials” são maus investidores também está totalmente errada. Suas quatro principais participações aumentaram 570%, 69%, 66% e 1.405%, no ano passado.

Na verdade, eles cravaram muitos dos grandes negócios de 2020. Muitos “millennials” acumularam ações de companhias aéreas em maio de 2020, depois que a Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, vendeu todas as suas ações nas quatro maiores companhias aéreas dos Estados Unidos: Delta, American Airlines, Southwest e United Airlines, que desde então já se recuperaram em cerca de 100%. Outros lucraram com ações como “fiquem em casa”, como Zoom e Peloton, durante o pico da pandemia.

Um estudo do National Bureau of Economic Research descobriu que “os investidores na Robinhood não entraram em pânico durante o colapso do mercado, que aconteceu em março de 2020, mas, na verdade, foram uma força estabilizadora para o mercado”.

Acompanhando as mensagens do WallStreetBets no Reddit (grupo que esteve no epicentro da saga GameStop) é possível ver prints enviados por membros mostrando um crescimento de 5 a 10 vezes em seus patrimônios nas corretoras. Frequentemente eles citam que os ganhos são usados para cobrir despesas domésticas e pagar débitos estudantis.

Os jovens não se interessam tanto pelo mercado de ações desde os anos 1990

Você provavelmente se lembra que isso alimentou o boom do PontoCom, que terminou em um crash épico. As pessoas veem todos esses “millennials” acumulando ações e pensam: “ah, não, de novo não”. Mas minha pesquisa sugere que ainda estamos no início de um boom histórico.

Houve um crescimento de novos investidores no ano passado. Contudo, o número de norte-americanos que possuem ações estava em baixa. Os estadunidenses possuíam mais ações em 2005, do que atualmente.

Mesmo com a evolução do mercado de ações na última década, muitas pessoas ainda têm colocado seu dinheiro para trabalhar em outro lugar. Dados da American Association of Individual Investors mostram que as pessoas comuns não estão exatamente enxergando com precisão as ações:

Divulgação/Forbes

Portfólio em ações

E veja só: dos US$ 3 trilhões investidos desde 2008, apenas 6% foram para ações! De acordo com a pesquisa de Wall Street Fundstrat, a maioria do montante foi para títulos de dívida. Isso faz sentido quando você considera que os baby boomers têm dominado a riqueza norte-americana nas últimas duas décadas. A maioria dos boomers está perto ou na aposentadoria, então eles compraram títulos “seguros”.

Esta tendência terá uma reversão dramática

Dezenas de milhões de jovens investidores estão inundando o mercado. E os “millennials” não estão interessados em possuir títulos de dívidas. Esta é uma geração de selecionadores de ações. A Fundstrat estima que US$ 6 trilhões podem ser investidos em ações na próxima década. E lembre-se, essa geração de jovens não está comprando o S&P 500.

Os “millennials” querem ser sócios de empresas que mudam o mundo. Nada, todavia, garante que esses ativos continuarão crescendo nos próximos anos. Agora, é um ótimo momento para comprar as suas ações disruptivas favoritas e assistir elas derreterem nos próximos anos.

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