Mas você pode estar se perguntando o que é essa tal de taxa Selic. A taxa Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira, ela é o parâmetro, é a referência dos juros que o governo paga na sua principal dívida e os juros que os investidores aceitam receber em parte dos investimentos de renda fixa. Todo tipo de investimento tem uma parcela de risco, por isso vamos sempre ponderar o risco, ou seja, se o risco do Brasil é maior, só aceitamos emprestar dinheiro para o governo brasileiro se for para receber uma taxa maior e é normal que se receba uma taxa menor quando o risco é menor. Logo, se a taxa Selic está aumentando é porque o risco do Brasil aumentou e o Brasil não é um país de baixo risco para ter uma taxa de 2% ao ano. Na verdade, a taxa só estava tão baixa porque era uma estratégia para pagar menos juros na dívida.
Já sei que você está pensando que até agora falei de investimento, mas o que isso tem a ver com a economia em si? Bem, a Selic é um instrumento de política monetária, ou seja, a taxa Selic aumenta e reduz com o objetivo de aumentar e reduzir a inflação, porque quando a taxa Selic sobe, nós temos uma redução da inflação, já que a Selic vai desestimular o consumo através do encarecimento dos empréstimos. Mas quando a taxa Selic cai, temos um estímulo ao consumo, com a redução das taxas dos empréstimos, porém esse consumo pode gerar inflação, então é reduzir a Selic e depois subir para conter a inflação.
Mas essa alta da Selic não foi a parte mais importante, o mais importante é o que está por vir.
Ontem (22) o Boletim Focus, do Banco Central, trouxe uma expectativa de Selic para o final do ano de 2021 bem mais alta, em exatos 5%.
E por que temos essa expectativa? O primeiro motivo foi a fala do Copom na divulgação da taxa na semana passada, dizendo que, se nada mudar drasticamente na condução da economia e da política no Brasil, na reunião de maio a taxa Selic vai subir, pelo menos, outros 0,75 p.p., mas o mercado não se animou, pois essa melhora no cenário econômico passa por uma melhor condução do combate à pandemia do coronavírus e então temos o segundo motivo.
Mas nesse ciclo de alta da Selic quem deve se sair bem?
Várias empresas podem se sair bem, mas destaco os bancos e seguradoras, porque os bancos melhoram o spread, entre o dinheiro que é emprestado aos tomadores e o dinheiro que é captado dos investidores. As seguradoras, por outro lado, vão melhorar seu resultado financeiro, porque o dinheiro do prêmio do seguro é investido em renda fixa de alta liquidez e com a melhora das taxas da renda fixa, os resultados financeiros das empresas vão melhorar também.
Além de empresas, os fundos imobiliários de recebíveis, que chamamos no mercado de fundos de papel, que tenham carteiras atreladas ao CDI tendem a se valorizar.
Além delas, as empresas muito endividadas também sofrem com o aumento do custo da sua dívida.
Os fundos imobiliários de imóveis, aqueles que chamamos de fundo de tijolos, devem sentir o efeito da elevação dos juros, pois o investidor vai exigir mais retorno desses investimentos, uma vez que a renda fixa está pagando mais. Esse aumento se traduz na queda do preço das cotas, pois o mercado só vai aceitar pagar um valor mais barato nessas cotas.
Diante dessas possibilidades, fica claro que sempre teremos cenários onde empresas se saem bem e outras saem mal independente se o mercado ou as taxas de juros vão para cima ou para baixo. O importante é ficarmos atentos a esses movimentos para poder surfar com o que vai se sair melhor nesse momento e poder alavancar os resultados da sua carteira.
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