Auge do crescimento econômico dos EUA pode atrapalhar o mercado de ações, alerta Goldman Sachs

23 de abril de 2021
Yuichiro Chino/Getty Images

Depois do pico na atividade, consequente desaceleração do crescimento norte-americano deve enfraquecer retorno das ações

Os benefícios econômicos do massivo estímulo fiscal e da reabertura das empresas nos Estados Unidos devem atingir seu pico nas próximas semanas. Cenário que, para os analistas do Goldman Sachs, deve levar a uma desaceleração no crescimento econômico dos EUA e a retornos de ações “insignificantes” no próximo ano, resultando no fim do rali nas ações observado durante a pandemia.

O crescimento econômico dos EUA atingirá o pico nos próximos dois meses, disseram analistas do Goldman em nota na manhã de ontem (22), prevendo que o PIB (Produto Interno Bruto) crescerá a uma taxa anualizada de 10,5% no segundo trimestre, a expansão mais forte desde 1978.

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O crescimento econômico irá então “desacelerar modestamente” no terceiro trimestre e continuar a desacelerar nos trimestres seguintes, preveem os analistas, acrescentando que tal desaceleração está tipicamente associada a retornos de ações mais fracos e maior volatilidade do mercado.

Em um sinal de que os efeitos do estímulo fiscal e a atividade econômica estão atingindo o pico, o índice de manufatura ISM, um indicador econômico mensal que mede a atividade industrial, registrou 65 em março – acima do limite de 60 que o Goldman diz que normalmente representa o pico do crescimento econômico.

De acordo com o Goldman, o índice S&P 500 registrou queda histórica média de 1% no mês após o índice de manufatura ISM vir acima de 60. O banco estima que o S&P 500 termine o ano em 4.300 pontos – implicando um aumento de apenas 4% em relação ao fechamento de ontem (22), previsão menor do que a realizada por outros analistas de mercado, que esperam que o índice possa subir para até 5 mil pontos no final do ano.

“As ações costumam ter dificuldades no curto prazo quando uma forte taxa de crescimento econômico começa a diminuir”, disse o grupo de estrategistas do Goldman liderado por Ben Snider ontem (22), que analisou dados dos últimos 40 anos. “Não é uma coincidência que as leituras do ISM raramente ultrapassaram 60 durante as últimas décadas. Os investidores que compravam ações nos EUA naquela época estavam comprando ações no mesmo período em que o forte crescimento econômico estava chegando ao pico – e começando a desacelerar.”

A leitura mais recente do ISM é a mais alta desde a marca dos 70 alcançados em dezembro de 1983. Depois disso, o S&P aumentou apenas 0,2% nos 12 meses seguintes.

Trilhões de dólares em estímulos fiscais sem precedentes durante a pandemia ajudaram a elevar o mercado de ações a novas máximas no ano passado e, embora o plano de infraestrutura de US$ 2,3 trilhões do presidente Joe Biden pudesse adicionar ainda mais combustível à economia, Anu Gaggar, analista de investimentos senior para a Commonwealth Financial Network, disse ontem (22) que “os investidores foram rápidos em reconhecer [que] muito do lado positivo já foi precificado”.

Isso é evidenciado pela crescente divergência no desempenho entre o mercado mais amplo e as ações em crescimento neste ano, diz Gaggar, ecoando o sentimento dos analistas do Goldman. O índice Nasdaq, com maior peso de ações de tecnologia, que superou de longe o mercado com alta de 44% no ano passado, subiu cerca de 9% este ano, abaixo do S&P 500 e do Dow Jones Industrial Average, que avançaram cerca de 12% cada.

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