Novo CEO da Petrobras quer reduzir volatilidade de preços sem desrespeitar paridade

19 de abril de 2021
Sergio Moraes/Reuters

A afirmação vem após o presidente anterior, Roberto Castello Branco, ter sido substituído em meio a críticas do presidente Jair Bolsonaro

Joaquim Silva e Luna, o novo presidente da Petrobras, buscará reduzir a volatilidade dos preços de combustíveis sem “desrespeitar” a paridade de importação, como disse hoje (19) em sua cerimônia de posse, fazendo disparar as ações da companhia.

A afirmação vem após o presidente anterior da estatal, Roberto Castello Branco, ter sido substituído em meio a críticas do presidente Jair Bolsonaro por uma alta expressiva dos preços de diesel e gasolina no Brasil, que refletiam o avanço das cotações no exterior.

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Em um discurso de pouco mais de 15 minutos, no qual ressaltou que “deve chegar ouvindo mais e falando menos”, o general da reserva defendeu que é preciso conciliar “interesses de consumidores e acionistas”. Na sequência, ele disse que buscará “reduzir volatilidade, sem desrespeitar a paridade internacional, perseguindo a redução da dívida, investindo em pesquisa e desenvolvimento e contribuindo para a geração de previsibilidade ao planejamento econômico nacional”.

Embora os comentários de Luna sobre preços de combustíveis não tenham sido inteiramente novos, as ações preferenciais da empresa ampliaram a alta durante o discurso, e eram negociadas com ganhos de cerca de 6%, por volta das 14h30.

O analista de Research da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, afirmou que o tom conciliatório e parcimonioso adotado por Luna é benigno. No entanto, ressaltou que “a aplicação de transformações no dinamismo de preços e a manutenção da paridade tendem a apresentar antagonismo e requererão do novo CEO decisões que, corretamente, serão tomadas após o mesmo se ambientar na presidência da companhia”.

“Uma vez que a mudança no comando da petrolífera fora motivada pela insatisfação do governo com a política atual de preços, acreditamos que uma definição sobre os rumos da nova abordagem quanto a política de preços será o primeiro e principal desafio da nova gestão”, afirmou.

Águas profundas

Luna também apontou para uma continuidade em relação ao que pregava a administração anterior, dizendo que a Petrobras deve “crescer sustentada em ativos de óleo e gás de classe mundial, em águas profundas e ultraprofundas, buscando incessantemente custos baixos de eficiência”. Castello Branco vinha realizando um ambicioso plano de venda de ativos, para focar na produção de óleo e gás natural, no pré-sal, em áreas com alto rendimento.

“Não há dúvidas de que os principais desafios, entre tantos outros, são fazer a Petrobras cada vez mais forte, trabalhando com visão de futuro”, disse Luna, na cerimônia que foi transmitida pela internet, seguindo protocolos para evitar o contágio do novo coronavírus.

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Luna não fez comentários explícitos, no entanto, sobre o plano em curso para a venda de dezenas de ativos da empresa.

Presente do evento, o ministro de Minas e Energia, o almirante da reserva Bento Albuquerque, afirmou em seu discurso que as vendas de ativos da Petrobras têm sido um “sucesso” e são importantes também para promover a competição no setor.

Diferentes interesses

Além de acenar para o mercado e para consumidores, Luna também se direcionou ao quadro de pessoal da empresa, qualificando-o como “comprometido, engajado, vibrante, profissional” e ressaltou a escolha dos quatro novos diretores, que acumulam décadas de experiência na petroleira.

“O que se quer do novo presidente da Petrobras, imagino, é que ele produza em equipe, sempre alinhado com a missão da empresa e liderando um time capaz de vencer desafios nessa complexa conjuntura, entregando ainda os resultados”, afirmou. (Com Reuters)