No ano passado, as altas provisões do início da pandemia, levaram à redução de ganhos das instituições financeiras. De acordo com um relatório produzido pela Economatica, em 2020, os bancos tiveram a maior queda de lucro em 21 anos, de 24,4%.
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Analistas apontam que, ainda com os resultados favoráveis no primeiro trimestre, e indicadores que superaram expectativas, os papéis dos grandes bancos do Brasil seguem com desconto devido às incertezas quanto à pandemia – o que, como alguns apontam, pode ser uma boa oportunidade de compra. A concorrência com bancos digitais também pressiona e leva os mais tradicionais a tentarem inovar para correr atrás.
O Santander Brasil foi o primeiro entre os grandes bancos a divulgar os resultados do primeiro trimestre no último dia 28, com lucro líquido de R$ 4,01 bilhões, acima do consenso dos analistas. O ROE do banco ficou em 20,9%, ante os 22,3% do mesmo período de 2020, o que indica que o Santander se aproxima de indicadores pré-covid.
A Ativa Investimentos destaca “o crescimento da carteira de crédito do banco, margem financeira e receita com serviços, combinado com uma gestão eficiente de despesas”, como os pontos positivos do resultado, mas alerta para o aumento nos níveis de provisão na comparação trimestral — e ainda assim, a casa pondera que o nível de provisionamento do Santander está abaixo de seus pares, “diante de um cenário macro instável”.
Na sequência, o Itaú divulgou resultado do primeiro trimestre no dia 3, e também superou as expectativas. O banco registrou lucro líquido de R$ 6,4 bilhões, superando os consensos. O ROE da instituição financeira ficou em 18,9%, superando os 12,6% do mesmo trimestre de 2020.
De acordo com o analista de Equity Research do Inter, Matheus Amaral, os ganhos apresentados pelo banco não foram suficientes. “Não basta superar as estimativas de lucro por uma linha ou outra, o conjunto da obra precisa mostrar resultados operacionais mais sustentáveis no longo prazo. Apesar disso, o preço das ações dos bancos incumbentes de modo geral ainda oferecem um desconto por conta das incertezas tanto acerca do cenário de inadimplência por conta da pandemia, quanto da competitividade, o que oferece ainda uma oportunidade de compra.”
O analista ressalta que os números operacionais do Itaú deixaram a desejar. “O banco não mostra tanta agressividade na redução de custos como o Santander mostrou, como o Bradesco vem realizando na redução de agências e pessoal. O Itaú não deixa claro se vai reduzir o número de agências para contribuir com os custos operacionais, além de estar reforçando o time de tecnologia em detrimento de funcionários ex-tecnologia. A estratégia com o Iti parece ter despertado, mas vale lembrar que ainda é um negócio com produtos de baixo valor agregado, mas com bom potencial para cross-selling.”
Já o Bradesco trouxe números positivos, mas não surpreendeu, de acordo com a XP Investimentos, e trouxe números dentro do esperado na noite de terça-feira (5). O lucro líquido do banco ficou em R$ 6,51 bilhões, ante expectativa de R$ 6,507 bilhões da casa. O ROE do Bradesco ficou em 18,1%, ante 11,4% no primeiro trimestre do ano passado.
Os analistas da XP veem boas perspectivas para o Bradesco e defendem que os resultados sejam mais sustentáveis no longo prazo. Eles enxergam a estratégia de redução de custos alinhada às expectativas de um banco mais eficiente na era digital.
O presidente do banco, Octavio de Lazari Jr., sinalizou boas perspectivas na teleconferência de resultados: “abril está muito bom e existe uma tendência muito positiva, ainda mais se continuarmos com a política de vacinação.” Lazari Jr. também comentou que o banco deve melhorar a remuneração a acionistas e voltar o valor de dividendos à média histórica.
No ano, o papel PN do Bradesco é o que menos perde, cerca de 3,17%.
O Banco do Brasil foi o último do grupo dos grandes a divulgar resultado. Ontem (6), o banco estatal anunciou lucro líquido de R$ 4,91 bilhões no primeiro trimestre, também acima das expectativas, e 44,9% acima do mesmo período do ano passado. O retorno sobre patrimônio líquido do BB ficou em 15,1%, ante 12,5% do primeiro trimestre de 2020.
O resultado dos três primeiros meses do ano se deu graças ao menor provisionamento do banco. De acordo com análise da Guide Investimentos, o lucro veio acima da expectativa mais otimista do mercado, de R$ 4,75 bilhões, e isso “não parece ainda totalmente precificado pelo mercado”.
O papel ON do BB perdeu mais que seus pares privados no acumulado do ano, cerca de 22,94%.
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