O cálculo realizado pela consultoria – que levou em conta a regulamentação de todas as formas de consumo, ou seja, medicinal, cânhamo (planta de cannabis) e recreativo – considera, ainda, uma arrecadação de R$ 8 bilhões em impostos no mesmo período. “Chegamos nesse valor considerando as devidas finalidades. No caso do uso medicinal, usamos a taxa atual cobrada sobre medicamentos nacionais [30% sobre o preço do remédio]. Já em relação ao cânhamo, consideramos a tarifa média de produtos agrícolas no Brasil [6,7%, segundo a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro]. Para o uso adulto, aplicamos a taxa de 43%, similar à do tabaco e do álcool [entre 40% e 70%]”, explica Maria Eugenia Riscala, CEO da Kaya Mind.
LEIA MAIS: Tudo sobre finanças e o mercado de ações
Nos Estados Unidos, por exemplo, o governador de Nova York, Andrew Cuomo, sancionou a lei que autoriza o uso recreativo e comercial da cannabis no estado em 31 de março. Antes, somente era autorizado a venda para fins medicinais, algo que o Brasil já possui. Por lá, as vendas de cannabis para fins medicinais e recreativos devem crescer 21% ao ano, impulsionadas pela forte demanda, e atingir US$ 41 bilhões até 2025, segundo levantamento do New Frontier Data.
No Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) liberou, em dezembro de 2019, a venda de produtos à base de cannabis nas farmácias. A comercialização só foi autorizada para produtos prontos que possuem uma quantidade específica de THC (tetrahidrocanabinol) e CBD (canabidiol). A Anvisa não informou quanto esses medicamentos movimentaram em 2020, mas, até abril deste ano, apenas 35.222 pacientes possuíam autorização para o uso; o que representa aproximadamente 0,017% da população brasileira.
Silvana Gimenes, de 60 anos, é uma das pessoas autorizadas a importar esses medicamentos. Ela utiliza o remédio para reduzir tremores causados por uma paralisia cerebral, além de melhorar o equilíbrio e diminuir as dores. “Há dois anos eu importo, já que, dessa maneira, pago R$ 380 em um frasco de óleo de CBD de 500 ml. Se eu comprar no Brasil, um produto genérico vai me custar cerca de R$ 600 a cada 20 ml”, explica.
Após a aprovação do Senado e possível sanção presidencial, ainda “existe um período de amadurecimento e lenta estruturação de fiscalizações e políticas públicas por parte do governo, período que o mercado também usa para se adequar às normas e requisições necessárias da legislação em questão – e testar o novo potencial de vendas que se abre”, explica a CEO da Kaya Mind. “De todo modo, sempre consideramos a regulamentação da cannabis imprescindível para garantir a liberdade individual e a saúde de milhões de pessoas. A partir do movimento da regulamentação internacional, foi possível acompanhar o crescimento de um mercado bilionário, que pode contribuir para a educação de jovens sobre o uso de drogas e tantas outras medidas importantes para mudarmos o cenário dos últimos anos.”
Siga FORBES Brasil nas redes sociais:
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Siga Forbes Money no Telegram e tenha acesso a notícias do mercado financeiro em primeira mão
Baixe o app da Forbes Brasil na Play Store e na App Store.
Tenha também a Forbes no Google Notícias.