Assim, a geração que nasceu após o fim da Segunda Guerra passou a ser chamada de Baby Boomers, ou “explosão de bebês”.
Em 1950, a população brasileira era de 54 milhões de pessoas. Desse contingente, cerca de dois terços viviam no campo e 60% tinham menos de 25 anos.
O reflexo disso foi o crescimento das cidades brasileiras e a valorização dos terrenos urbanos.
Quem investiu em imóveis no Brasil nas últimas décadas teve, de forma geral, uma rentabilidade expressiva, o que explica a grande atratividade que esses investimentos despertam na geração dos Baby Boomers. Porém, um dos maiores erros ao investir é se guiar pelo espelho retrovisor. Para investir bem, é preciso olhar para a frente, não para o passado.
As projeções indicam que a população brasileira deve crescer mais 8%, atingindo os 230 milhões de habitantes em 2046, quando começará a diminuir. É provável que o percentual de pessoas vivendo em áreas rurais até cresça em função da facilidade de trabalho remoto.
O investimento em imóveis, de uma forma geral, tem baixa liquidez. Além disso, a atividade de administração não costuma ser simples. As construções sofrem depreciação, e as mais antigas precisam de constantes manutenções. Os impostos sobre a renda dos imóveis são elevados; na venda, mesmo a variação decorrente da inflação, é tributada. Também a justiça brasileira costuma ser muito lenta para resolver questões legais referentes a locatários inadimplentes.
O sonho de desfrutar a aposentadoria com a rentabilidade de uma carteira de imóveis frequentemente se transforma em um pesadelo. O problema é que não é simples abandonar um comportamento que foi vencedor por tanto tempo. Quem ganhou muito dinheiro com seus investimentos em imóveis tem uma dificuldade natural de perceber que o jogo pode estar mudando de maneira muito rápida.
De uma forma geral, as carteiras de investimentos de brasileiros das classes mais elevadas e que já passaram dos 50 costumam ter uma proporção de investimentos em imóveis muito maior do que o recomendado nessa fase da vida.
Investimentos diversificados em títulos públicos ou privados que pagam juros, planos de previdência ou mesmo a compra de uma renda vitalícia são muito mais adequados para o momento da fruição do capital acumulado durante a vida.
Para aqueles que continuam acreditando em investimentos em imóveis, os fundos imobiliários têm inúmeras vantagens para quem quer auferir renda. A tributação é menor e é possível vender facilmente as cotas – enquanto o imóvel só pode ser vendido em sua totalidade, as cotas dos fundos imobiliários podem ser vendidas lentamente. E existe uma gestão profissional para cuidar dos imóveis, geralmente, muito mais barata do que a de uma imobiliária.
Aprender coisas novas sempre traz dificuldades. Porém o mais difícil é desaprender aquilo que funcionou tão bem durante tanto tempo.
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