11 jogos para educação financeira: lições reais e diversão para crianças e adolescentes
Artur Nicoceli, Iasmin Paiva e Isabella Velleda
2 de julho de 2021
NurPhoto/Getty Images
Através dos jogos, crianças e adolescentes se deparam com conceitos como investimentos e endividamentos de maneira lúdica
Falar sobre educação financeira é assunto ainda novo em muitos lares brasileiros, mas as opções para levar o tema de forma lúdica a crianças e adolescentes já existem há algum tempo – os jogos de tabuleiro que o digam – e têm se popularizado, permitindo que os jogadores, independente da idade, se deparem com questões como endividamento, investimentos e independência financeira de uma forma fluída e divertida. No fim das contas, tudo não parece passar de um desafio lúdico.
O Monopoly é um dos “clássicos” desse segmento. Criado em 1904, mas publicado na sua versão atual em 1935, o jogo lida com o mercado imobiliário e conceitos como propriedade, aluguel, salário e falência. No Brasil, os direitos do game foram repassados à Estrela, que adequou seu nome para Banco Imobiliário e se tornou o jogo mais vendido na história do país, de acordo com o diretor de marketing da empresa, Aires Fernandes.
As situações apresentadas nos jogos podem ser fictícias, mas as lições retiradas delas podem ser aplicadas a questões na vida real. “O jogo é uma ferramenta que funciona para a criação de novos hábitos. Quando eu crio um jogo de educação financeira, eu quero proporcionar uma situação de impacto decisional e emocional no participante, e é justamente esse tipo de situação que propicia a criação de novos caminhos neurais, que estarão em atuação no dia a dia.”, diz Ana Pregardier, educadora financeira e criadora de 18 jogos nesse modelo.
Um dos games criados por Ana é o Parque do Tempo, um livro-jogo que lida com múltiplos universos que se abrem ao jogador dependendo das escolhas que ele faz ao ler a história. Tudo começa em um parque de diversões, quando os personagens do livro estão comemorando um aniversário e o jogador pode escolher onde prefere ir depois. Dependendo da escolha, o restante da história poderá ser completamente diferente.
“É uma das formas de criar impacto decisional e emocional”, diz Ana. Ao longo da história, temas como criptomoedas, câmbio, inflação e bolhas especulativas vão surgindo, incorporando a temática econômica ao processo de tomada de decisão.
O jogo de tabuleiro Renda Passiva é outro que promove a educação financeira. Vence quem conseguir conquistar uma renda passiva igual ou maior ao seu total de gastos, e quitar todas as suas dívidas. Para atingir esse objetivo, é possível investir em negócios, renda fixa, imóveis e ações, por exemplo.
Desenvolvido por Daniel Frechiani e concebido com base nos livros e na filosofia do educador financeiro Gustavo Cerbasi, o jogo é indicado para crianças a partir de 12 anos de idade e faz sucesso com o público. Leonardo Mathias, gerente de marketing da Pais & Filhos, que lançou o jogo, explica que “como o Renda Passiva já é apresentado como uma proposta educativa, os pais adquirem na expectativa de terem um material rico em informação, sem abrir mão da diversão. Já as crianças se divertem bastante com a possibilidade de ganhar e multiplicar seu dinheiro.”
A sua recepção foi tão boa que uma metodologia de educação financeira baseada no jogo foi desenvolvida para escolas, sendo aplicada para alunos do 6º ano do Ensino Fundamental até o 3º ano do Ensino Médio. O material abrange desde assuntos básicos, como carreira e orçamento, aos mais complexos, como investimentos e empreendedorismo. Até o final de 2021, a metodologia terá sido aplicada para mais de 30 mil alunos.
Para Fernandes, da Estrela, a vantagem de utilizar jogos como uma ferramenta de aprendizado advém de uma preferência inerente aos seres humanos: “Os jogos acompanham o desenvolvimento da humanidade. Os primeiros jogos descobertos datam de 3.000 a 4.000 a.C.. Eles fazem sucesso com questões genéticas do ser humano, como competitividade, socialização, estratégia e planejamento.”
A importância da educação financeira
A demanda por educação financeira já é uma realidade em escolas públicas e privadas no Brasil. No começo de junho, o Banco Central anunciou a expansão do seu programa Aprender Valor, que leva às escolas públicas a ideia de que mesmo pessoas de baixa renda podem poupar se tiverem o hábito e a disciplina necessários. E os jogos são um instrumento auxiliar nesse movimento.
“O objetivo de criar jogos assim é para que as pessoas possam ter uma vida mais feliz e tranquila. E como as pessoas têm uma vida mais tranquila? Quando elas podem fazer escolhas financeiras mais coerentes, conscientes e sustentáveis”, argumenta Ana. Para a educadora, não basta conhecer todos os conceitos e fórmulas do mercado financeiro. A educação financeira é viva, e é no dia a dia, através de cada escolha e comportamento, que ela se manifesta.
Segundo Fernandes, a pandemia também foi um momento que propiciou o ressurgimento dos jogos de tabuleiro: “Nos últimos dois anos, dentro da categoria de brinquedos, o segmento de jogos foi o que mais cresceu. E isso está muito ligado ao home office”, avalia o diretor da Estrela. A reaproximação das famílias também fez com que jogos tradicionais, como o Banco Imobiliário e o Jogo da Vida, fossem alguns dos mais escolhidos. “O crescimento no e-commerce nesse segmento ultrapassou os 3 dígitos desde o ano passado, foi um verdadeiro boom”.
A Forbes listou 11 jogos de educação financeira disponíveis no Brasil para crianças e adolescentes: