Objetivos, prazos e inflação são pontos que devem ser avaliados antes de um investimento
A inflação no Brasil, medida pelo IPCA, deve chegar a 6,79% ao fim do ano, segundo pesquisa semanal do Banco Central. No acumulado dos últimos 12 meses até junho, o indicador saltou 8,35%. Na prática, isso quer dizer que, se você tinha R$ 100,00 em junho de 2020, hoje esse dinheiro vale R$ 91,65.
A inflação é um problema conhecido dos brasileiros. Ainda é comum consumidores lembrarem dos anos 1980, conhecida como a “década perdida”, quando o poder de compra dos brasileiros caía diariamente e a inflação atingiu 242% nos doze meses de 1985. O controle dos preços da economia veio a partir do Plano Real, lançado em 1994, mas manter dentro da meta a inflação é um desafio constante para o país.
O controle da inflação depende, principalmente, da atuação do Banco Central, que faz isso pela taxa básica de juros, a Selic. A Selic baixa favorece o consumo e aquece a economia. A Selic alta desfavorece o consumo, reduzindo a atividade econômica e contribuindo para queda da inflação.
Proteger o dinheiro de desvalorizações é tarefa básica de qualquer investimento, explica Lavínia Martins, fundadora da FLUXO Planejamento Financeiro. “O principal objetivo de um investimento é, em primeiro lugar, repor o poder de compra da moeda”, por isso é preciso estar sempre atento à inflação.
Para ela, antes de entender e se preocupar com a proteção da inflação, o investidor deve identificar os seus objetivos pessoais com aquele investimento. Conhecendo os objetivos com a aplicação financeira, é possível determinar o prazo que o investidor está disposto a esperar para obter retorno. “É preciso casar o prazo do título com o prazo de quando o investidor vai precisar do dinheiro.”
Ou seja, se você está investindo para uma viagem que pretende fazer daqui a dois anos, precisa alocar o seu dinheiro em produtos que ofereçam proteção contra a inflação e com prazo de resgate próximo da sua viagem, que é o objetivo financeiro neste exemplo.
Quais investimentos oferecem proteção contra a inflação?
Alguns produtos financeiros oferecem proteção contra a inflação porque são atrelados a indexadores de inflação. Por exemplo: o Tesouro IPCA+ é um título público que irá render a variação do IPCA + um percentual fixo, ou seja, se a inflação acumulada em um período foi de 6%, o seu título vai render 6% (da inflação) + o percentual fixo.
O que é importante identificar aqui é o prazo, como citamos anteriormente. Se o prazo do título atende às suas necessidades (o seu objetivo com o investimento, como no exemplo da viagem), então essa pode ser uma opção para a sua carteira.
Mas existem outros produtos financeiros atrelados à inflação. Por isso, é importante observar as características específicas de cada título. Novamente, ter os objetivos pessoais com os investimentos em mente é muito importante para determinar qual ativo é mais interessante em cada situação.
Em agosto de 2021, os títulos públicos disponíveis na plataforma do Tesouro Direto e indexados ao IPCA têm vencimentos entre 2026 e 2055, por exemplo.
Esses ativos também possuem dois modelos de remuneração para quem investe: com e sem juros semestrais, ou seja, numa opção você pode receber os juros a cada seis meses e, na outra, eles acumulam e são pagos de forma integral no vencimento.
Se você irá usar o dinheiro do investimento só no vencimento, pode optar pela opção sem o pagamento semestral. Novamente, essa decisão irá depender do seu objetivo com a aplicação financeira.
Existem ainda papéis atrelados à inflação e isentos de Imposto de Renda (IR), o que aumenta a rentabilidade líquida. Arnaldo Curvello, sócio e diretor da Galapagos Wealth Management, reforça a importância de procurar um gestor que auxilie a encontrar bons papéis de crédito privado (títulos de dívidas de empresas) atrelados à inflação, de preferência sem IR. “Uma carteira com esses ativos é a carteira que vai deixar o investidor mais tranquilo e dar o maior retorno”, avalia o especialista.
O Forbes Money compilou alguns ativos que protegem contra o aumento da inflação: