Laércio Cosentino lança assessoria financeira para superricos e mira investimentos em startups

10 de setembro de 2021
Divulgação / Laércio Cosentino

Laércio Cosentino é fundador e principal acionista da Totvs, empresa brasileira de softwares

“Quem é empreendedor não consegue ficar quieto”, diz Laércio Cosentino, fundador e principal acionista da Totvs, empresa brasileira de software. O empresário ocupa a 209ª posição na lista exclusiva de Bilionários Brasileiros da Forbes. Após 35 anos como CEO da gigante do mercado, Cosentino passou o cargo em 2018 para o executivo Dennis Herszkowicz, o que não significa que deixou de trabalhar.

No último mês, foi anunciado oficialmente o novo investimento do empresário: o Grupo GHT4, um Multi Family Office fundado ao lado dos profissionais Caio David, ex-CEO do Itaú BBA, Guga Valente, co-fundador do Grupo ABC, e Rodrigo Vella, co-fundador do Vella Pugliese Buosi e Guidoni Advogados.

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O objetivo do escritório é fazer a gestão de grandes fortunas familiares, investindo os patrimônios em novos negócios e garantindo a sustentabilidade do capital para as próximas gerações. A princípio, o empreendimento administra a fortuna das quatro famílias dos fundadores e de outros 30 investidores individuais. “Estamos trabalhando para ter um ecossistema com outras famílias ao redor, mas queremos ampliar dentro da nossa tese de investimento”, explica Cosentino.

A tese a que se refere o bilionário é a de investir, por meio de um fundo, em startups de educação, de saúde e do setor financeiro, que apresentem inovações tecnológicas e se preocupem com a sustentabilidade.

“A gente entende que cada investimento precisa ser acompanhado. Não vamos executar a ideia no lugar dos empresários, mas vamos fornecer todo o suporte de back office, mentoria e capital que essas empresas necessitem”, diz.

Na prática, as startups que forem escolhidas para receber investimentos do GHT4 terão ao menos um dos empresários fundadores, ou outros nomes de peso do mercado, em seu conselho de administração. E também receberão apoio dos investidores com conhecimentos específicos de direito, tecnologia, marketing e finanças, além do próprio capital investido.

“A gente entende que podemos evitar que sejam cometidos os mesmos erros que nós fundadores cometemos no passado, em nossas próprias empresas”, explica Cosentino. “O trabalho de mentoria está baseado nisso. Não é garantir que a pessoa não vá errar.”

Atualmente, oito startups já recebem os aportes do grupo. Em todas, o GHT4 atuou como investidor anjo – o plano é que os investimentos sejam feitos por meio de um fundo no futuro. Entre as empresas do portfólio, estão a Mendelics, de medicina genética, a Brain4Care, de tecnologia médica, a Shipay, de pagamentos digitais, e a Biosolvit, que desenvolve produtos para preservação do meio-ambiente.

O grupo planeja investir em mais três empresas até o final deste ano. Cosentino não descarta a possibilidade de o portfólio dobrar em 2022. “A ideia é não ter pressa para aumentar o número de empresas que recebem os investimentos, e fazer escolhas certas dentro de nossa visão do que conseguimos de fato contribuir”, diz.

Um dos princípios do novo empreendimento do bilionário fundador da Totvs é investir aos poucos. “Não queremos fazer investimentos por probabilidade: investir em 100 empresas com a probabilidade de 5 darem certo. Queremos fazer investimentos cirúrgicos e com grande acompanhamento, para que as ideias de fato se tornem realidade”, afirma.

Com o trabalho próximo a startups que ainda estão em seu período inicial, Cosentino pode auxiliar na criação de empresas após quase 40 anos da fundação da Totvs, em 1983. Para ele, a principal diferença entre as duas experiência está no mercado.

Se na década de 80 faltava literatura sobre como criar uma empresa do zero, hoje disciplinas de empreendedorismo são oferecidas nas universidades, diz o empresário. “Lá atrás não bastava apenas vender a ideia de software para microcomputadores, por exemplo. Era necessário também vender o conceito de microcomputação, impressoras, acessórios, e escrever livros para que as pessoas entendessem”, diz.

Contudo, essa nova realidade também traz seus desafios. Para Cosentino, o principal é a grande concorrência dos anos 20, que não existia na década de 80. “Antes, após quebrar as barreiras, o mercado era seu. Hoje você já não tem algumas barreiras, mas a competição é imensa e manter um cliente é muito mais difícil.”

Atualmente, o Grupo GHT4 possui cerca de 30 funcionários. Às famílias que desejem ter sua fortuna administrada pelo Grupo, Laércio acredita ser importante trabalhar a harmonia entre os membros. “Sem harmonia familiar, tudo que estamos fazendo pode ser perdido durante o processo de sucessão para as novas gerações. É preciso que os fundadores e herdeiros se conheçam e tenham respeito uns pelos outros”, diz.

Durante o processo de seleção de novas famílias para o grupo, o empresário conta que são apresentados os valores e as premissas dos investimentos trabalhados. Além das startups, o Multi Family Office também investe em produtos com maior liquidez e trabalha com gestão administrativa de recursos familiares, estudos de tendências, manutenção de ativos, planejamento tributário e concierge para questões familiares.

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