A maior economia da América Latina está passando por uma recuperação instável do impacto da pandemia do coronavírus, apesar do prognóstico de crescimento de 5,1% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2021, o mais forte em uma década.
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Novos planos de aumento de gastos pelo governo abalaram os mercados domésticos, e o mais agressivo ciclo de alta de juros do mundo, que já puxou a taxa Selic em 5,75 pontos percentuais neste ano, está esfriando a atividade econômica.
Sob tal dinâmica negativa, “o país corre o risco de sofrer uma recessão em 2022… os riscos estão definitivamente inclinados para o lado negativo”, disse Olga Yangol, chefe de pesquisa e estratégia para mercados emergentes para as Américas do CA-CIB.
A expansão do PIB brasileiro vai desacelerar de 5,1% em 2021 para 1,6% em 2022, ritmo mais fraco entre o Grupo das 20 principais economias, de acordo com análise da última pesquisa econômica global trimestral da Reuters.
Economistas culpam a perda de disciplina orçamentária do presidente Jair Bolsonaro, que, segundo eles, mira as eleições gerais de outubro de 2022. Enquanto isso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva –que tem sólida vantagem nas pesquisas de intenção de votos– quer um papel maior do Estado na economia.
Bolsonaro prometeu neste mês mais do que dobrar os valores pagos hoje pelo Bolsa Família, que seria transformado no Auxílio Brasil. A decisão envolve despesas extras relativamente pequenas, mas suficientes para violar o chamado teto de gastos, instrumento que limita aumento de gastos do governo e visto pelo mercado como âncora fiscal.
A perspectiva de problemas econômicos adicionais surge em um momento de exacerbadas tensões políticas no Brasil. Bolsonaro enfrenta índices de aprovação em declínio e acusações pela CPI da Covid-19 no Senado de uma série de crimes na condução da crise sanitária.
MAIS APERTO MONETÁRIO À FRENTE
Na mais recente tentativa de ancorar as expectativas de inflação, o Banco Central aumentou sua taxa básica de juros em 150 pontos base ontem (27), para 7,75%. E prometeu mais.
“Se as condições atuais persistirem e o regime fiscal finalmente mudar, acreditamos que as taxas de juros serão aumentadas para pelo menos 11,5% ao fim do primeiro trimestre”, disse Andres Abadia, economista-chefe para a América Latina da Pantheon Macroeconomics.