A Santander Asset espera que o dólar feche 2022 em R$ 5,60. Como destacou Jarra, é basicamente o patamar de encerramento de 2021, com o real terminando o ano com variação pequena, mas vulnerável nesse ínterim a um vaivém orientado pelas incertezas globais – com destaque para a política monetária norte-americana – e pela baixa visibilidade num âmbito interno marcado pelas eleições e seus potenciais desdobramentos para o campo fiscal.
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“O movimento (do câmbio) depende da questão local, é um fator que abre um pouco a represa. Mais à frente, com base na modelagem, 2023 seria de um real convergindo para mais perto de seu valor justo, hoje em média de 5 reais (por dólar) para baixo. O câmbio hoje está mais depreciado do que os fundamentos sugerem”, completou.
A valorização cambial vista neste ano – o real sobe 5,1% ante o dólar, um dos melhores desempenhos globais – ocorreu em meio ao retorno do fluxo estrangeiro para o Brasil num contexto amplo de demanda por ativos de mercados emergentes. Até agora cerca de 4 bilhões de dólares foram vendidos por investidores internacionais por meio de contratos de dólar futuro, cupom cambial e swap cambial da B3.
O campo de visão sobre a continuidade desse movimento, porém, é curto, disse o economista.
O fluxo estrangeiro é atraído em parte pelo aumento dos retornos embutidos em contratos de renda fixa lastreados em real – que para um ano estão em mais de 11,5%. Mas segundo o economista-chefe da Santander Asset, o diferencial de taxas já está em patamar razoável e discutir se a Selic parará de subir em 11,75% ao ano ou 12,25%, por exemplo, é mais acessório em termos de cenários para o câmbio.
“E essa leitura se aplica também para os demais ativos (ações, renda fixa)”, disse. “Num espaço de três a seis meses à frente e dentro do que movimentaria de forma mais relevante os preços dos ativos eu colocaria o que o BC fez e o que pode fazer nas próximas reuniões em terceiro lugar. Colocaria o global na frente e em segundo o arcabouço de política fiscal no contexto da eleição.”
O efeito de atração de capital exercido pelo juro mais alto poderia se mostrar mais claramente em caso de uma redução de volatilidade cambial, fruto de desenvolvimentos a contento das variáveis global e interna, disse Jarra.
Meta de inflação
O Banco Central elevou na quarta-feira a taxa básica de juros em 1,50 ponto percentual pela terceira vez consecutiva, a 10,75% ao ano, em continuidade ao agressivo ciclo de aperto monetário implementado para conter a inflação, e surpreendeu parte do mercado ao indicar uma redução no ritmo de ajuste na próxima reunião do Copom, em março.
“Essa sinalização reflete o estágio do ciclo de aperto, cujos efeitos cumulativos se manifestarão ao longo do horizonte relevante. O Copom enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas, e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária”, disse o colegiado do BC em comunicado.
“O BC está dizendo com essa frase que está olhando, buscando (as metas dos) anos de 2022 e 2023, mas dentro dessa ponderação para ele 2023 é mais relevante que 2022”, disse o economista da Santander Asset.