“A grande revolução está na quebra da necessidade de confiar em uma terceira parte, como bancos e governos. Em DeFi, tudo é realizado por códigos automáticos, conhecidos como ‘contratos inteligentes’”, explica Orlando Telles, sócio-fundador e diretor de research da Mercurius Crypto.
Os contratos inteligentes, ou smart contracts, são as linhas de código que permitem criar aplicações na blockchain. Esta, por sua vez, funciona como um grande computador descentralizado; vários validadores participam da rede e atestam a validade dos contratos inteligentes.
Aplicações em DeFi
Exchanges descentralizadas
As exchanges descentralizadas, também chamadas de DEX, visam cumprir o mesmo papel das bolsas do mercado tradicional. Elas são utilizadas por usuários que desejam comprar e vender ativos.
O diferencial é que, neste caso, não existe uma empresa ou instituição que intermedeie essas trocas – no Brasil, por exemplo, esse papel é desempenhado pela B3. As operações feitas nas exchanges descentralizadas ocorrem diretamente entre os usuários, no modelo peer-to-peer, e são controladas por algoritmos e contratos inteligentes.
A Uniswap (UNI) é, atualmente, a maior exchange descentralizada do mercado. Mais de US$ 1 bilhão (aproximadamente R$ 4,7 bilhões) é negociado diariamente na plataforma.
É preciso notar, porém, que nem toda exchange de criptomoedas é uma exchange descentralizada. As mais famosas, como Binance e Coinbase, por exemplo, são centralizadas: há uma empresa e uma equipe por trás das operações.
Protocolos de lending
Os protocolos de lending são plataformas que permitem a realização de empréstimos em criptomoedas.
Os usuários que têm interesse em emprestar valores depositam suas criptomoedas em pools de liquidez e recebem juros por isso. Já aqueles que querem fazer um empréstimo usam suas criptomoedas como garantia.
“Todas as taxas e regras são claramente definidas, deixando pouco espaço para erro humano. O risco mais comum é a falha de programação que expõe vulnerabilidades a hackers”, diz.
Atualmente, a Aave (AAVE) é o principal protocolo de lending no mercado de criptomoedas.
Vantagens e desvantagens
Segundo os especialistas, as principais vantagens das finanças descentralizadas são a utilização da tecnologia blockchain e a ausência de um ente centralizado.
Já as desvantagens se referem, principalmente, à falta de segurança. Como comenta Telles, ainda existem muitos protocolos DeFi que apresentam falhas no funcionamento do código e, por isso, ficam suscetíveis a ataques hacker.
“Esse tipo de acontecimento era mais comum em meados de 2020, quando os primeiros protocolos estavam começando a ganhar robustez de capital. Atualmente, as falhas são mais raras e tendem a acontecer mais em protocolos novos”, avalia.
Como ganhar dinheiro com DeFi
Existem duas formas principais de investir e ganhar dinheiro com DeFi.
Porém, eles também podem ser negociados como criptoativos comuns, que se valorizam e desvalorizam. O token da Uniswap (UNI), por exemplo, caiu cerca de 55% desde o início do ano.
A segunda maneira é através do staking, que acontece quando os usuários deixam as suas criptomoedas travadas na blockchain a fim de validar operações e promover liquidez.
“Por serem descentralizados, os protocolos DeFi não possuem liquidez própria, como seria o caso de um grande banco, e dependem de terceiros que possam prover liquidez para as operações”, explica Telles. “Em troca desse capital que fica ‘alugado’ nos protocolos, os provedores de liquidez ganham uma rentabilidade”.
Futuro das finanças
Segundo os especialistas, o DeFi é o próximo passo da busca por um sistema financeiro mais ágil e transparente. “No entanto, o DeFi ainda precisar passar por processos de escalabilidade e regulamentação, que estão começando a ser desenvolvidos”, afirma Telles.