Stablecoins colaterizadas
São as criptomoedas que possuem lastro em outros ativos, como moedas fiduciárias, commodities e até mesmo outras criptomoedas. Para cada stablecoin gerada, o emissor deve contar com uma reserva equivalente em caixa.
Esse é o caso do tether (USDT), maior stablecoin do mercado, que possui paridade de 1 para 1 com o dólar. O seu preço é garantido por reservas de ativos tradicionais, como títulos do Tesouro dos Estados Unidos, títulos comerciais e dinheiro em espécie.
A grande vantagem das stablecoins lastreadas em criptomoedas é que elas existem em um ambiente totalmente descentralizado. Já aquelas que são lastreadas em moedas fiduciárias, que são emitidas por governos e bancos centrais, são consideradas “centralizadas”.
O principal risco das stablecoins colaterizadas é que nem sempre há garantia de que o emissor realmente possui uma reserva de valor equivalente às criptomoedas em circulação. Como o mercado funciona praticamente sem regulamentação, não existem normas que obriguem as empresas ou as entidades que emitem essas moedas a informar o público a composição e o tamanho das reservas.
O tether, inclusive, já chegou a ser investigado por não ser suficientemente transparente sobre suas reservas.
Stablecoins não-colateriazadas ou algorítmicas
Essas são as stablecoins que não possuem lastro em outros ativos. Elas mantêm a paridade com o ativo de referência através de algoritmos e contratos inteligentes na blockchain.
Para garantir essa paridade, o algoritmo pode emitir mais moedas ou realizar operações de queima – como um banco central que queima papel moeda para reduzir a quantidade de dinheiro em circulação -, eliminando a necessidade de o emissor possuir uma reserva de valor.
Uma das principais stablecoins não-colaterizadas do mercado era o terraUSD (UST), que foi desenvolvido para ter paridade de 1 para 1 com o dólar – ou seja, cada UST deveria valer, idealmente, US$ 1.
Riscos
Nos últimos dias, porém, o mercado observou o UST cair a US$ 0,04, e a sua “cripto irmã”, o token LUNA, recuar a US$ 0,00017, como reflexo do movimento mais amplo de vendas de criptomoedas ao redor do mundo.
“Isso é um exemplo de como stablecoins devem estar preparadas com reservas para esses momentos de mercados em baixa. Projetos que não possuem altas garantias podem acabar apresentando despareamento”, comenta Henrique Teixeira, country manager do Grupo Ripio no Brasil.
O terraUSD começou a se desviar de US$ 1,00 há pouco mais de uma semana, quando as incertezas sobre o cenário macroeconômico aumentaram por causa do reajuste da taxa de juros dos Estados Unidos e dos números elevados da inflação no país.
Ao mesmo tempo, houve alegações de que um indivíduo (ou um grupo de indivíduos) estava tentando inundar o mercado com UST para atacar o protocolo. Uma pessoa chegou a operar vendido US$ 10 milhões (R$ 49 milhões) – quando um trader aposta na queda do ativo e lucra com a diferença dos preços –, o que levantou suspeitas sobre uma possível manipulação do mercado.
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Outras grandes stablecoins, como o USDT e o USDcoin (USDC), conseguiram evitar maiores danos. Tudo isso, porém, resultou no colapso do ecossistema Terra, mostrando que as stablecoins não são completamente imunes à volatilidade do mercado de criptomoedas.