Relação entre preço e lucro (P/L)
Um dos indicadores mais utilizados para saber se uma ação está cara ou barata é o P/L, que é obtido dividindo o preço atual da ação pelo valor do lucro por ação nos últimos 12 meses. Essa métrica indica quanto o mercado está disposto a pagar pelos lucros de uma empresa.
Exemplo: a ação preferencial da Petrobras (PETR4) fechou o pregão da última quarta-feira (8) a R$ 30,51. Para calcular o seu lucro por ação (LPA), dividimos o lucro líquido da empresa nos últimos 12 meses (R$ 150,062 bilhões) pelo número de ações em circulação (13,044 bilhões), o que resulta em um LPA de 11,5. Dividindo o preço da ação pelo LPA, temos um P/L de 2,7.
Por outro lado, quanto mais baixo for o P/L de uma empresa, mais “barata” é a ação. Isso pode significar duas coisas: ou essa ação é uma boa oportunidade que ainda não foi identificada pelo mercado, ou o mercado tem boas razões para não apostar nessa ação.
Por isso, diz Ricardo Peretti, estrategista de ações da Santander Corretora, “deve-se comparar os múltiplos atuais com os históricos, fazer um paralelo entre as empresas de um mesmo setor ou até mesmo uma análise intersetorial.”
O P/L da PetroRio (PRIO3), por exemplo, é 9, enquanto o da 3R Petroleum (RRRP3) é -38.
Relação entre preço da ação e valor patrimonial por ação (P/VPA)
Por outro lado, se esse resultado for muito menor do que 1, ele pode indicar que a ação está subvalorizada – da mesma forma que, se for muito maior do que 1, pode haver uma sobrevalorização.
Exemplo: vamos considerar novamente a ação PETR4 a R$ 30,51. Para calcular o valor patrimonial por ação (VPA), dividimos o patrimônio líquido da empresa acumulado nos últimos 12 meses (R$ 434,194 bilhões) pelo número de ações (13,044 bilhões), resultando em um VPA de 33,2. Dividindo o preço atual pelo VPA, temos um P/VPA de 0,9.
Aqui, novamente, a análise deve ser feita levando em conta um contexto mais amplo, tendo em vista que alguns valores de P/VPA podem ser considerados bons para um setor, e ruins para outros. A título de comparação, temos que o P/VPA da PetroRio é 3,2, enquanto o da 3R Petroleum é 1,91.
Relação entre o valor da firma e o Ebitda (EV/Ebitda)
O valor da firma (em inglês, “enterprise value”) é equivalente ao valor de mercado da empresa somado à sua dívida líquida, menos o caixa. Esse é o valor que deve ser pago para adquirir a empresa. Já o Ebitda é o lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização de uma companhia.
De maneira simples, o indicador mostra quantos anos seriam necessários para que o lucro operacional da empresa fosse suficiente para cobrir os gastos gerados para comprá-la. Assim, teoricamente, quanto menor o tempo, melhor.
Exemplo: no caso da Petrobras, temos um valor de firma de R$ 614,659 bilhões e um Ebitda de R$ 306,347 bilhões, considerando o acumulado dos últimos 12 meses. Dividindo os dois, obtemos um EV/Ebitda de 2. Isso significa que seriam necessários dois anos para recuperar o dinheiro investido na compra da empresa.
Porém, novamente, o que é considerado um EV/Ebitda “bom” depende de muitas variáveis, entre elas o setor em que a companhia atua. Em geral, é possível esperar múltiplos maiores de empresas de alto crescimento, como fintechs, e múltiplos menores de empresas de baixo crescimento, como construtoras. O EV/Ebitda da PetroRio, por exemplo, é 6,8.
Outros indicadores
Existem outros indicadores, como o ROE (retorno sobre patrimônio líquido) e o dividend yield, que podem ser utilizados para essa avaliação. Até mesmo os indicadores citados anteriormente podem ser analisados de maneiras diferentes: o P/L, por exemplo, pode ser calculado com base na expectativa de lucro dos próximos 12 meses.
Embora conhecer esses indicadores seja importante para construir uma visão crítica e entender melhor o mercado, nem sempre deve caber ao investidor calculá-los e analisá-los. Isso, em geral, deve ficar a cargo dos profissionais de bancos e corretoras.
Nesse sentido, Peretti destaca algumas ações que, segundo suas análises, estão com os seus preços descontados no momento. É importante lembrar, contudo, que qualquer decisão de investimento deve ser feita de acordo com o perfil do investidor, sua tolerância a risco e sua estratégia.
Vale (VALE3): “A companhia ainda possui uma das melhores assimetrias do setor de commodities, com a ação negociando a 3,3x EV/EBITDA esperado para os próximos 12 meses, contra uma média histórica de 4,8x.”
Banco do Brasil (BBAS3): “Os papéis são negociados a um múltiplo P/VPA de 0,7x, abaixo do difícil período de 2015-16. Ou seja, comparando com o histórico, o Banco do Brasil negocia hoje a múltiplos mais descontados, mesmo estando em um melhor patamar de rentabilidade e com uma projeção de lucros crescentes para 2022.”
Os levantamentos utilizados nesta reportagem foram realizados por Einar Rivero com dados da plataforma TC/Economatica referentes ao dia 8 de junho.