Coincidentemente, os Estados Unidos sofrendo uma crise enorme por seus produtores de milho não encontrarem mercado para suas produções, buscava o caminho do etanol para um uso mais econômico e rápido dos estoques acumulados. Fui fazer um depoimento no senado americano a convite do senador astronauta John Glenn. O Congresso e o executivo americanos instituíram um programa do álcool de milho para uso como combustível no país. E a base da argumentação foi o incipiente, mas sólido, progresso alcançado pelo Brasil desde o proalcool instituído em 1975.
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Ao pautarem um enorme proalcool em seu país para diminuírem o preço da gasolina, os americanos também baixam o nível da poluição em suas estradas e cidades. A universidade de Berkeley, na Califórnia, desenvolveu um estudo sobre os efeitos do etanol em cidades brasileiras. O resultado, só em São Paulo, no período de 5 anos, foi uma redução de mais de 40% da poluição atmosférica.
Temos aí uma grande oportunidade para agroindústria: suprir gigantescos números na produção de etanol no Brasil e para exportação como commodity em que está se transformando. O grupo Volkswagen, por exemplo, pelos esforços do seu presidente na América Latina, Pablo Di Si, adotou o etanol como combustível de escolha para todo o projeto de carros híbridos no Brasil e em suas filiais. A Nissan também adotou a linha dos híbridos com base no etanol.
Na área da produção física do etanol, existem novos sistemas de cultivo e o projeto da Embrapa de plantio da cana por mudas físicas, que prometem acréscimos de cerca de 15% da produção anual. Lembro-me que, ao lançarmos o carro a álcool, em todos os debates colocavam se o Brasil não seria transformado em um grande canavial e faltariam alimentos por consequência. Produzíamos 6 milhões de toneladas de grãos e 3 milhões de metros cúbicos de etanol. Hoje são quase 300 milhões de grãos, hortaliças, vinhos, frutas, azeite, etc e chegaremos a 30 bilhões de metros cúbicos de etanol como um passo à meta de 60 bilhões. O que se espera do maior produtor mundial de gasolina verde.
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Artigo publicado na edição 97 da revista Forbes, em maio de 2022.