Lojas Renner aposta em vendas de fim de ano para cumprir projeções

4 de novembro de 2022

Presidente da Renner, Fabio Adegas Faccio

A Lojas Renner espera que as vendas de novembro e dezembro, impulsionadas por Black Friday e Natal, ajudem a varejista de moda a ter resultados próximos das suas estimativas, disseram executivos nesta sexta-feira (4).

A Renner publicou na véspera salto de 50% no lucro do terceiro trimestre sobre um ano antes, ajudada por efeitos tributários, enquanto as vendas foram impactadas negativamente pelo clima mais frio do que o normal, especialmente em setembro. Também pressionou o resultado a alta na inadimplência de sua unidade de serviços financeiros.

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Por volta de 15h10 (horário de Brasília), as ações da varejista cediam 3,8%, a R$ 29,3 cada, entre as maiores quedas do Ibovespa, que subia 1,6%.

No relatório de resultados divulgado na véspera, a Renner disse que esperava fechar o ano em linha com a expectativa: “crescimento com ganho de market share, margem bruta e Ebitda total nominal –pré IFRS– em patamares próximos aos de 2019”.

Questionados por analistas sobre como a empresa pretende fazer isso, em especial o Ebitda, executivos da empresa citaram ganho de escala pelas fortes vendas de fim de ano. “A despeito das temperaturas mais frias em outubro, acreditamos que o quarto trimestre seja similar ao crescimento do terceiro versus 2019”.

Daniel Martins, diretor administrativo, financeiro e de relações com investidores, observou que cerca de 75% a 80% das vendas do quarto trimestre ocorrem em novembro e dezembro.

O Ebitda total ajustado da Renner nos primeiros nove meses de 2022 foi de R$ 1 bilhão, alta de 100,8% contra 2021. No ano completo de 2019, o Ebitda total foi de R$ 1,9 bilhão no pró-forma e o ajustado de R$ 2 bilhões, com avanços perto de 13%.

Neste sentido, por causa da Copa do Mundo, que pode diminuir o fluxo de compras, a empresa traçou uma estratégia diferente para a Black Friday deste ano, com descontos mais estendidos ao longo do mês, disse o presidente da Renner, Fabio Adegas Faccio.

Os executivos esperam também um ganho de margem bruta a partir de maiores eficiências vindas, por exemplo, de ajustes no investimento em marketing digital.

O movimento de ganho de margem deve se estender nos próximos trimestres, uma vez que o novo centro de distribuição da empresa em Cabreúva (SP) inicia operações no segundo semestre de 2023. A expectativa é alcançar rentabilidade do varejo perto da vista no pré-pandemia entre dois e três anos, segundo Martins.

Realize em dificuldades

Os executivos também destacaram o desempenho abaixo do esperado do braço financeiro Realize. A unidade viu o índice de inadimplência acima de 90 dias atingir 18,6%, um salto ante os níveis de 15,6% e 11,9% registrados no segundo trimestre e um ano antes, respectivamente.

Martins atribuiu o resultado ao cenário macroeconômico hostil, o que fez com que a empresa adotasse política mais conservadora de originação.

“Temos visto a Realize com mais dificuldades, em função desse cenário mais desafiador para inadimplência. A Realize tende a entregar (resultados anuais) piores do que nossas expectativas iniciais”, disse Faccio, acrescentando que espera a partir do ano que vem uma recuperação gradual da unidade.

A Renner deve manter restrições de crédito no quarto trimestre, começando gradualmente a trazer novos clientes a partir de chamado ‘private label’ –que só permite o parcelar compras feitas na própria loja–, segundo Martins.

“A economia ainda está um pouco fragilizada com relação a nível de inadimplência”, disse Martins.

A Realize realizou cessão de crédito de um terço de sua carteira vencida acima de 360 dias por R$ 23,8 milhões, segundo Faccio. A empresa avalia a venda do restante, disse.

Segundo Martins, a Renner costumava tentar recuperar as carteiras acima de 360 dias, mas agora preferiu vender essa parte para focar na recuperação de inadimplência de menor prazo, como entre 180 e 360 dias, que é mais provável de se realizar.

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