Respeito, importância e admiração estão visceralmente ligados, e a união desses fatores nos mostra que há racionalidade no que se admira – e o resto é confusão mental. Quando falamos dos nossos maiores espelhos, me sinto honrado em carregar nas veias o sangue de quem para mim foi além de ser o meu maior herói de carne e osso, alguém de hábito generoso de pensamento, meu pai, que mesmo não estando mais fisicamente presente, continua sendo a figura que mais aclara predicados para mim.
Sr. Nevaldo Rocha foi quem mais acreditou na nossa capacidade de construir e realizar. Ele foi um menino que viveu na miséria em Caraúbas, no sertão do Rio Grande do Norte, e, com 12 anos, com a roupa do corpo e poucos trocados, que só davam para a passagem de ônibus, foi para a capital buscar oportunidades. Como por impulso e força de vontade, o então menino não transformaria apenas a vida da sua própria família, mas, sim, de mais de 40 mil pessoas, que hoje trabalham na Riachuelo. Gerar empregos sempre foi o seu propósito – e tornou-se o seu legado.
Completando 75 anos de história no dia três de outubro, a Riachuelo é o resultado de muito trabalho: o que antes era uma pequena loja de roupas, se transformou no maior ecossistema de moda, lifestyle e produtos financeiros do país. Meu pai foi um grande conciliador e defensor da união, e dizia que esse era o ponto crucial para o crescimento, dentro e fora da companhia, o que para ele não havia separação. Essa linha de raciocínio faz parte dos aprendizados que herdamos e que aplicamos no ambiente corporativo, o da união, afinal, por trás de um emprego, existe uma pessoa e, por trás dessa pessoa, sonhos e expectativas.
Como acolher tantas pessoas e tantos sonhos debaixo de uma liderança? Unindo-as a um propósito. Adotando para si os aspectos positivos do outro. Honestidade, simplicidade, foco, transparência e meritocracia são os nossos valores familiares, que transcendem os muros da nossa casa.
Perpetuar o seu legado e dar continuidade aos seus ensinamentos nos fez, há pouco mais de um ano, criar o Instituto Riachuelo, que tem o propósito de ajudar a desenvolver o sertão, nossa terra mãe, com geração de trabalho e renda, e entre tantos outros projetos que se desdobram, sempre pensando nas pessoas – o centro do nosso negócio.
Flávio Rocha é presidente do conselho de administração do Grupo Guararapes.
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Artigo publicado na edição 101 da revista Forbes, em setembro de 2022.