Mercado prende a respiração à espera do arcabouço fiscal brasileiro

17 de março de 2023

Nesta sexta-feira (17), o Ibovespa teve uma queda de 1,40% a 101.981,53 pontos, totalizando um volume financeiro de R$ 34,1 bilhões. Na semana, houve uma queda de 1,58%. Investidores continuam monitorando o noticiário referente ao setor bancário, mas também se preparam para as próximas decisões de política monetária no Brasil, sobre a divulgação do novo arcabouço fiscal, e nos Estados Unidos, com a próxima reunião do Fed (Federal Reserve) agendada para os dias 21 e 22 de março, que colocará em pauta os próximos passos das taxas de juros.

Nesta tarde, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com os ministros Fernando Haddad, Geraldo Alckmin, Rui Costa, Simone Tebet e Esther Dweck para discutir o novo arcabouço fiscal. O presidente recebeu a proposta preparada pela equipe econômica na quarta-feira (15), e afirmou que queria ter o projeto definido antes da viagem para a China no dia 24. A divulgação do novo orçamento esta prevista para ainda este mês.

Rodrigo Simões, professor da Faculdade do Comércio, disse: “O ministro Fernando Haddad enviou para o presidente Lula o novo arcabouço fiscal, mas ainda não temos todos os detalhes. O que o mercado está sentindo é a possibilidade do aumento de gastos do governo com essa nova proposta. Assim que for divulgada ao público, deve haver uma alta no dólar e uma queda na bolsa brasileira se houver mesmo uma flexibilidade ampla no aumento de gastos”.

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Além disso, a Secretaria de Política Econômica (SPE) divulgou hoje (17) a projeção oficial para o desempenho da atividade econômica para 2023, passando a prever um crescimento de 1,61%, contra previsão de 2,10% feita em novembro. Também divulgou as novas projeções para o PIB (Produto Interno Bruto) em 2024, uma estimativa de alta de 2,34%, contra previsão anterior de 2,50%. Para 2025, o dado ficou em 2,76%, contra 2,50% antes.

A semana foi marcada pelo impasse de confiança no sistema bancário global após a declaração da falência do banco norte-americano Silicon Valley Bank (SVB). Mesmo com medidas governamentais para evitar que um efeito sistêmico contagie demais bancos, investidores seguem recessos e aguardam as novas declarações sobre as próximas altas de juros, com as próximas reuniões do Fed para discutir o assunto agendadas para terça (21) e quarta-feira (22) da semana que vem.

Rodrigo Azevedo, economista da GT Capital, afirma: “Mesmo com os últimos anúncios de injeções bilionárias nas instituições que vinham apresentando dificuldades, a confiança do investidor segue muito frágil com esse setor. No Brasil, os investidores aguardam notícias sobre o arcabouço fiscal que ainda não foi apresentado oficialmente pelo governo”.

Nos Estados Unidos, os principais índices de Wall Street caíram nesta sexta-feira (17), com os investidores ainda cautelosos com uma possível crise bancária, mesmo depois de os maiores bancos dos Estados Unidos terem resgatado o credor regional First Republic Bank. Grandes bancos, incluindo JPMorgan Chase & Co e Morgan Stanley, emprestaram US$ 30 bilhões para o First Republic na véspera, acalmando o nervosismo e ajudando as ações dos EUA a registrarem ganhos na sessão anterior.

Na Europa, as bolsas devolveram os ganhos iniciais do dia e registraram a queda semanal mais acentuada em cinco meses, depois que medidas de suporte aos bancos do Federal Reserve e do Banco Central Europeu ainda não acalmaram os temores sobre uma possível crise bancária global.

Na Ásia, as ações da China subiram acompanhando os ganhos nos mercados globais depois que bancos dos Estados Unidos agiram para resgatar o First Republic Bank, enquanto os investidores também comemoravam sinais de recuperação na economia chinesa. Os mercados asiáticos acompanharam um rali em Wall Street para encerrar uma semana tumultuada em que uma crise bancária em formação fez com que os rendimentos dos títulos despencassem.

(Com Reuters)