
Nesta quinta-feira (15), o mercado brasileiro se agarrou às especulações de um possível pacote de medidas a ser anunciado pelo governo federal, com o intuito de alavancar a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para as eleições de 2026. Com isso em mente, há a leitura de investidores de que os efeitos serão negativos para a área fiscal, considerada a mais frágil da atual gestão. Embora o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tenha desmentido os rumores.
“As únicas medidas que estão sendo preparadas para levar ao conhecimento do presidente semana que vem são medidas pontuais para o cumprimento da meta fiscal, como nós fizemos no ano passado”, disse o ministro, acrescentando que o Orçamento de 2026 ainda não começou a ser discutido.
No fim da sessão, o dólar à vista fechou em alta de 0,84%, aos R$ 5,6803. No mês, a divisa acumula leve alta de 0,07%. Enquanto o Ibovespa avançou 0,66%, somando 139.334,38 pontos. Em Wall Street, os pregões fecharam sem uma direção única, com o S&P 500 em alta de 0,41% e o Dow Jones avançando 0,65%, enquanto o Nasdaq cedeu 0,18%.
Turbulência interna
Com o alívio na disputa tarifária entre Estados Unidos e China, após acordo de 90 dias entre os países nesta semana, os agentes foram em busca de novos motivos para operar no câmbio brasileiro. A aquisição da moeda americana foi impulsionada pelos rumores sobre medidas a serem anunciadas pelo governo.
Na noite de quarta-feira (14), após a Veja noticiar que o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) estaria preparando uma proposta para reajustar o valor do Bolsa Família de R$ 600 para R$ 700 a partir de janeiro de 2026, o ministro da pasta, Wellington Dias, disse à Reuters que não há estudo e nem proposta nesse sentido.
Questionado sobre o assunto nesta quinta-feira, Haddad reforçou: “não há da parte do MDS pressão sobre a área econômica para absolutamente nenhuma iniciativa nova. Isso vale para os demais ministérios”. Após os esclarecimentos do ministro da Fazenda, o dólar perdeu força ante o real e as taxas dos Depósitos Interfinanceiros (DIs) desaceleraram, mas o recuo foi momentâneo.
Profissionais ouvidos pela Reuters afirmaram que, ainda que Haddad tenha negado mais uma vez, em nome do governo, as especulações sobre medidas fiscais, o mercado se apegou aos ruídos para operar. “O mercado anda parado, de lado, após o acordo entre EUA e China, então tem que surgir algo para os especuladores ganharem dinheiro. E o dólar também estava barato nos níveis próximos de R$ 5,60”, disse o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik.
O avanço do dólar no Brasil esteve na contramão do exterior, onde a moeda norte-americana cedeu ante boa parte das demais divisas, em reação a dados fracos do varejo norte-americano divulgados mais cedo.
Destaques
– VALE ON avançou 1%, endossada pelo avanço dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou as negociações do dia com alta de 1,17%, a 736,5 iuanes (R$ 575,99) a tonelada.
– BRF ON subiu 4,78%, tendo no radar o balanço do primeiro trimestre, após o fechamento do mercado. Projeções compiladas pela LSEG apontam Ebitda de R$ 2,6 bilhões. MARFRIG ON, que controla a BRF e também reporta resultado nesta quinta-feira, valorizou-se 4,34%.
– ELETROBRAS ON caiu 3,22%, após prejuízo líquido de R$ 354 milhões no primeiro trimestre, revertendo o lucro de R$ 331 milhões apurado no mesmo período em 2024, com queda no resultado operacional por menor receita de transmissão e maiores custos com energia comprada para revenda.
– BANCO DO BRASIL ON recuou 1,21% antes da divulgação do resultado do primeiro trimestre, após o encerramento dos negócios na bolsa nesta quinta. Estimativas compiladas pela LSEG apontam lucro líquido de R$9,2 bilhões para os primeiros três meses do ano.
– ITAÚ UNIBANCO PN fechou em alta de 1,34%, em dia com desempenho positivo dos bancos privados do Ibovespa. BRADESCO PN avançou 0,99%, SANTANDER BRASIL ON encerrou com acréscimo de 0,07% e BTG PACTUAL UNIT terminou o dia com ganho de 0,27%.
– LOJAS RENNER ON valorizou-se 3,51%, tendo como pano de fundo relatório do UBS BB reiterando recomendação de compra para as ações da varejista de moda e elevando previsões para os lucros líquidos ajustados em 2025 e 2026, bem como o preço-alvo dos papéis de R$ 14,50 para R$ 21.
– PETROBRAS PN encerrou com variação negativa de 0,13%, em meio ao declínio do petróleo no exterior, onde o barril de Brent caiu 2,36%, a US$ 64,53 (R$363,33). A Federação Única dos Petroleiros (FUP) indicou uma greve de advertência nos dias 29 e 30 de maio nas unidades da Petrobras.
– EQUATORIAL ON cedeu 0,51%, após balanço do primeiro trimestre mostrar um resultado operacional medido pelo Ebitda ajustado de R$ 2,9 bilhões no primeiro trimestre deste ano, um aumento de 14,5% frente ao mesmo intervalo de 2024, mas queda de 16,4% no lucro líquido ajustado.
– GOL PN, que não está no Ibovespa, subiu 2,15%, após o balanço dos primeiros três meses do ano, com lucro líquido de R$ 1,38 bilhão.
– AMERICANAS ON, que não faz parte do Ibovespa, recuou 8,19%, após balanço do primeiro trimestre com prejuízo líquido de quase meio bilhão de reais, revertendo lucro de R$ 453 milhões um ano antes.