Mercado bilionário: conheça 4 mulheres que lideram marcas promissoras de sexual wellness no Brasil
Beatriz Calais
5 de março de 2021
Divulgação
Marília Ponte fundou a Lilit com um investimento inicial de R$ 200 mil
“Falar de sexual wellness é se importar com a saúde e o bem-estar feminino”, diz Marina Ratton, fundadora da marca de cosméticos íntimos Feel. A empreendedora, que lançou seu negócio em outubro de 2020, revela ter percebido um campo promissor de atuação ao conhecer o mercado de sextech e entender que há muita demanda para um setor ainda em lentidão. “Comecei a conversar com mulheres e descobrir necessidades íntimas em temáticas que abordamos muito pouco, como puerpério e menopausa. É um assunto que ainda gera desconforto e vergonha e eu decidi que era a hora de fazer a minha parte.”
Assim como a Feel, o mercado de sexual wellness – ou bem-estar sexual – é extremamente novo. Embora 2019 tenha tido um crescimento de 8% em relação ao ano anterior – segundo a Abeme (Associação Brasileira de Empresas do Mercado Erótico) – 2020 foi o grande ano do setor. Em meio à pandemia, a procura por produtos de sexualidade feminina aumentou expressivamente no Brasil. De acordo com um levantamento feito pelo portal Mercado Erótico, mais de um milhão de vibradores foram vendidos entre março e junho, um volume 50% maior quando comparado à mesma época do ano anterior.
O impacto foi sentido por Izabela Starling e Heloisa Etelvina, fundadoras da loja de produtos eróticos Panty Nova. “Fundamos a empresa em 2018 e já tivemos uma estreia movimentada, tanto pelo interesse dos consumidores quanto pela imprensa. Tivemos saldo positivo logo de início, mas 2020 realmente foi diferenciado: de março a abril, crescemos 400% nosso volume de vendas”, revela Izabela. “É inegável que a pandemia tenha trazido mais interesse no assunto.”
Mais do que efeitos pontuais em pequenos e médios negócios, o potencial do sexual wellness também foi reconhecido pelo mercado de tecnologia e inovação de grandes centros. Na última São Paulo Tech Week, em 2020, havia um espaço exclusivo para debate de oportunidades e tendências no segmento. Parte desse movimento é explicado pelos últimos dados do instituto Allied Market Research sobre o setor, que tem a previsão de alcançar um faturamento de US$ 108 bilhões em 2027 no mercado global. Para os mais imediatistas, os números também impressionam: o segmento movimenta mais de US$ 50 bilhões por ano em todo o mundo.
O varejo também enxerga essa nova temática com bons olhos. Seguindo a tendência de grandes players internacionais, como Amazon e Walgreens, a AMARO tem dedicado uma categoria de seu site para marcas de sexual wellness. A Feel, em apenas dois meses de lançamento, conseguiu fechar 2020 com um contrato dentro da varejista. “Decidimos ampliar nosso portfólio de produtos para acompanhar mais momentos da vida das mulheres. No primeiro semestre deste ano, estrearemos no segmento de bem-estar sexual, trazendo uma seleção de marcas parceiras inovadoras no mercado feminino”, conta Denise Door, diretora de marketing da AMARO.
Como se não fosse o bastante para a felicidade da fundadora, Marina Ratton revela também ter sido aprovada no GB Ventures, programa de aceleração de startups do Grupo Boticário. “Ser reconhecida por um grande varejo é uma excelente chancela”, destaca a empreendedora.
Parte desse sucesso do sexual wellness também pode ser explicado pela mudança de liderança. Considerado um grande tabu por tantas décadas, o assunto envergonhava muitas mulheres, o que fazia com que o controle do segmento ficasse em mãos masculinas. “As experiências de compra no setor eram ruins. O que você comprava não era exatamente o que estava descrito”, conta Izabela sobre sua experiência como consumidora, o que impulsionou sua vontade de empreender. “Segundo uma pesquisa da Abeme, quase 80% dos consumidores de produtos eróticos são mulheres. Então, por que não vemos essa representação no mercado?”, questiona a empresária. “Quem mais consome são mulheres, então, elas têm que produzir. De mulheres para mulheres.”
De acordo com uma pesquisa feita pelo Sebrae e pela Global Entrepreneurship (GEM), em parceria com o IBQP, 50% dos empresários que estão tentando abrir um negócio ou que já têm um empreendimento com até cinco anos de mercado são mulheres. No total, são 26,5 milhões de brasileiras que comandam o próprio negócio. Junto a esse avanço, a quebra do tabu sobre a sexualidade feminina nas gerações mais jovens fez com que empreendedoras se levantassem para entender suas necessidades e entregar soluções no mercado. “As marcas do segmento cumprem um propósito de educação sexual, algo ainda deslegitimado no Brasil”, destaca Marina. “O ônus de não falar da natureza feminina é muito caro.”
Conheça, na galeria abaixo, cinco marcas brasileiras de sexual wellness lideradas por mulheres: