Enquanto conversávamos por chamada de áudio, era possível perceber que a executiva perambulava pelo prédio em que estava em busca do melhor sinal de internet – para que a entrevista não precisasse ser, novamente, remarcada. O soar de um alarme – primeiro alto e aparentemente próximo, depois mais distante e baixo – não foi suficiente para encobrir a respiração levemente ofegante da CEO.
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Com forte campanha de divulgação nos campi de universidades norte-americanas, Whitney direcionou o marketing na venda de um aplicativo de lifestyle e de uma experiência para atrair o target pretendido. A plataforma hoje conta também com o Bumble BFF, para encontrar novos amigos, e o Bumble Bizz, para networking profissional. O objetivo da CEO é criar um ambiente onde seja possível encontrar todo tipo de pessoa.
Em fevereiro deste ano, o Bumble abriu o capital na Bolsa de Valores norte-americana. As ações estrearam a US$ 76, bem mais do que os US$ 43 estimados inicialmente. Cerca de US$ 2,15 bilhões foram levantados após o IPO, levando a avaliação da companhia a US$ 9,8 bilhões e Whitney ao rol dos bilionários. A empreendedora detém 21,54 milhões de ações do Bumble, o equivalente a 11,6% da companhia.
Com o filho no colo, ela discursou sobre a tentativa de tornar a internet um espaço mais gentil e responsável e agradeceu às mulheres que abriram caminho nos negócios. Em 2020, cerca de 442 empresas norte-americanas abriram capital e apenas quatro delas eram lideradas por mulheres, segundo pesquisa do “Business Insider” e da Nasdaq: Maria L. MacCecchini (Annovis Bio), Roni Mamluk (Ayala Pharmaceuticals), Leen Kawas (Athira Pharma) e Ann Marie Sastry (Amesite).
E toxicidade é um assunto do qual ela entende. Whitney foi alvo de comentários maldosos na internet após deixar o Tinder, em 2014. Ela foi uma das fundadoras do aplicativo pioneiro na seara dos matches amorosos e atuava como vice-presidente de marketing. A executiva afirma que era alvo constante de comentários que desdenhavam da sua capacidade e reduziam sua importância nas operações da empresa. Quando deixou a companhia, abriu um processou por discriminação e assédio sexual – ela teria sido abusada pelo então namorado e colega de trabalho. O caso foi encerrado com um acordo de US$ 1 milhão e uma quantidade de ações do Match Group, empresa que controla o Tinder.
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Logo após a polêmica saída, Whitney pretendia criar um aplicativo no qual as mulheres pudessem elogiar umas às outras, mas a ideia foi mudando de cara até chegar ao que hoje conhecemos como o Bumble. Presente em mais de 150 países, a plataforma conta com mais de 42 milhões de usuários ativos no mundo. Mas não é preciso procurar por muito tempo na internet para encontrar comentários negativos sobre a premissa do app: há quem diga que ele é sexista e preconceituoso com os homens por impedi-los de tomar atitude. Tem quem vai ainda mais longe ao pregar que homem que se valoriza não deveria usar o aplicativo. Whitney não se abala. “Tomamos essa decisão desde o começo. Prefiro correr o risco de algumas pessoas não usarem a plataforma para que ela seja melhor para quem quiser usar. Quero oferecer uma experiência de qualidade com segurança e bom comportamento e isso atrai muitas pessoas também”, explica.
Em seu perfil do Instagram – onde acumula pouco mais de 200 mil seguidores e apenas duas fotos, uma delas do dia do IPO – Whitney se define, primeiramente, como a mãe de Bobby, de dois anos. Ela revela que, às vezes, sente-se culpada por trabalhar tanto e não poder passar o tempo que gostaria ao lado do filho. “Quando era criança, visitava o meu pai no trabalho, nunca soube o que era ter uma mãe que trabalhava. Essa culpa está enraizada em mim, mas espero que ele tenha orgulho e se sinta inspirado pelo trabalho que faço”, revela.
Esperançosa em relação ao futuro, a executiva aponta que estamos passando por um processo de despertar muito forte para os privilégios e a importância da inclusão. Ela colabora com a mudança ao focar na contratação de mulheres: elas ocupam mais de 50% dos cargos de liderança e oito dos 11 assentos do conselho de administração, que conta com nomes como Ann Mather, ex-CFO dos estúdios Pixar, e Pamela Graham, ex-CEO da rede CNBC. A companhia também criou o Bumble Fund, fundo de investimento para negócios em estágios iniciais, principalmente aqueles fundados por mulheres não brancas, com aportes que variam de US$ 25 mil a US$ 50 mil e tem a atleta Serena Williams entre os investidores.
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