Fundadora da Être, um programa de mentoria que promove encontros entre meninas adolescentes com lideranças femininas em companhias, Illana Raia observou em primeira mão o salto de confiança que essas interações podem gerar. Sabendo da queda de confiança dessas garotas na época do ensino fundamental, as experiências de Raia mostram que o acesso precoce a mentoras pode ser o antídoto que essas adolescentes precisam. Então, ela fez uma parceria com uma consultoria pioneira em temáticas com Millennials e a Geração Z para fazer uma pesquisa que prova isso.
“Quando começamos a pesquisa no meio do ano passado, meu objetivo era ver se o salto de confiança que vimos ao levar meninas a companhias para conhecer mentoras era mais do que uma coincidência”, afirma Raia. “Talvez, eu pensei, fosse só circunstancial o empoderamento que vimos de meninas girando em cadeiras de conselhos corporativos e levantando as mãos para fazer perguntas. Poderíamos mensurar, quantitativamente, o impacto dessas mentorias precoces na confiança de meninas? A resposta foi, felizmente, que sim.”
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Em parceria com a consultoria YPulse, que investiga dados de Millenials e da Geração Z, a Être fez uma pesquisa com mais de mil meninas entre 13 e 18 anos para explorar e entender o estado atual de confianças das adolescentes das próximas gerações, em quais âmbitos elas estão buscando mentorias e o impacto que isso tem em suas emoções. Esse foi o primeiro estudo do tipo desde a pandemia e incorporou classificações inclusivas de gênero e a influência das redes sociais.
As entrevistadas são de todas as regiões dos Estados Unidos e variam em relação a séries escolares, renda doméstica, etnicidade e raça. Foram 1001 meninas e 539 meninos – sendo que 64 dos entrevistados se identificam como não-binários, transgêneros e de outros gêneros além do masculino e do feminino.
Confiança cai entre os 14 e os 18 anos
“Apesar de as meninas de 14 anos estarem 20% mais confiantes hoje do que eram há cinco anos – em comparação com o estudo feito pela YPulse em 2018 – esse nível de confiança cai continuamente entre os 14 e 18 anos”, afirma Raia.
- 36% das meninas de 13 anos se descrevem como confiantes em comparação com 23% das adolescentes de 18 anos.
- Aos 13 anos, 42% das meninas selecionam “inteligente” como uma de suas principais características em relação a 28% daquelas de 18 anos.
- Com 13 anos, 57% se descreveram como felizes, em comparação a 44% das com 18 anos.
- 43% das entrevistadas de 13 anos se descrevem como criativas, mas entre as de 18 anos, a porcentagem cai para 32%.
“A transição para uma garota entre os 14 e 15 anos é um momento fundamental nas vidas delas. As pressões que elas enfrentam parecem ter um impacto maior nas suas identidades e em como elas se identificam”, diz Laura Barajas, presidente de pesquisa estratégica da YPulse. “Nos dados que coletamos, vimos uma significativa queda na quantidade de meninas que se veem como confiantes, felizes, criativas e inteligentes.”
Fazer mentoria pode melhorar a confiança
As descobertas claramente sugerem que mentorias podem brecar essa diminuição da confiança. Na verdade, uma considerável parcela de 86% das meninas disseram que seriam mais confiantes com uma mentora.
Mais especificamente, o relatório mostrou que 93% das meninas interessadas em finanças acreditam que uma mentoria seria útil para o futuro delas. 86% das interessadas em STEM (sigla em inglês para ciências, tecnologia, engenharia e matemática) afirmaram a mesma coisa, assim como 69% daquelas interessadas em esportes.
“Mentoras são importantes porque aumentam a confiança dessas garotas exatamente quando elas mais precisam disso“, afirma Raia sobre como essas mentorias nos primeiros anos da adolescência podem fazer diferença. Enquanto muitos podem assumir equivocadamente que simplesmente se manter com os pés no chão e tirar boas notas são as únicas coisas necessárias para ter sucesso na carreira, a pesquisa indica que esse tipo de pensamento desconsidera a competitividade, a demanda e a dinamicidade do mundo do trabalho.
Claro, ter boas notas e ser esforçada sem dúvidas são coisas cada vez mais necessárias, mas não suficientes, especialmente em áreas predominantemente dominadas por homens. “Mentoras fortalecem qualquer tipo de boa educação ao colocar essas meninas para fora de suas zonas de conforto e em direção a objetivos que são intimidadores ou que lhes dão medo.”
As meninas envolvidas na Être parecem concordar com isso em algum nível, e o impacto de uma mentora pode ser profundo.”Em uma recente visita ao TikTok com a Être, eu aprendi de lideranças femininas que não há um único caminho para o sucesso e que, se seguir as suas paixões, você pode encontrar a carreira certa para você”, diz Ava Liu, uma garota de 16 anos que é membra da Être. “Como uma pessoa jovem, é legal ouvir as infinitas possibilidades para o meu futuro.”
De muitas formas, o estudo de Raia simplesmente confirma o que ela já sabia há anos: que mentorias podem fazer a diferença para adolescentes e jovens mulheres buscando atingir seus potenciais e quebrar obstáculos em espaços tradicionalmente dominados por homens.
Ela está em uma missão para facilitar interações e experiências que permitem às meninas verem mulheres de sucesso em ação em algumas das companhias mais prestigiadas do mundo.
“A confiança que estamos vendo quando meninas levantam suas mãos em mesas de conselhos não é casual e, sim, essencial. Se quisermos ver mais mulheres em conselhos, precisamos reservar esses espaços para meninas, e no ensino fundamental não é tão cedo para começar a encorajar isso”, afirma Raia.