Como a disparidade salarial afeta a felicidade das mulheres

24 de março de 2023
JGI/Jamie Grill/Getty Images

Funcionários felizes têm melhor rendimento no trabalho

Um estudo dos renomados cientistas comportamentais Daniel Kahneman e Angus Deaton descobriu que, de um modo geral, mais dinheiro não torna ninguém mais feliz quando a renda anual do indivíduo fica entre US$ 60 mil (R$ 316 mil) e US$ 90 mil (R$ 473,78 mil). É verdade que esses números não foram ajustados às taxas de inflação de hoje em relação a 2010 – quando a pesquisa foi feita –, mas nos trazem percepções valiosas.

A renda mínima para a felicidade com a qual muitos estão familiarizados, e que foi manchete em grandes jornais norte-americanos, é de U$ 75 mil (R$ 395 mil) anuais. No entanto, esse valor foi usado simplesmente porque era o ponto médio do intervalo de renda indicado pelo estudo acima.

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Kahneman e Matthew Killingsworth, pesquisador especializado em felicidade, publicaram recentemente um relatório em que eles analisam conjuntamente os dados do estudo de 2010 e de um estudo de 2021 feito por Killingsworth que contradiz a faixa salarial que influencia na felicidade das pessoas. E o que eles descobriram? O relatório mostra que, para os 20% menos felizes dos EUA, a renda deixa de ser um fator determinante para a felicidade.

Ou seja, para o resto de nós, ter mais dinheiro significa mais felicidade. Com os holofotes sobre as disparidades salariais entre homens e mulheres, é importante ressaltar que negar às mulheres a remuneração a que têm direito não apenas as prejudica financeiramente, mas também pode afetar a sua felicidade. Dada a clara ligação entre felicidade e desempenho no trabalho, as mulheres podem ficar ainda mais para trás profissionalmente se as empresas não continuarem a se esforçar para eliminar a disparidade salarial.

Aqui estão três razões pelas quais funcionários felizes têm melhor desempenho no trabalho:

1. Funcionários felizes são mais produtivos

Um estudo da Universidade de Oxford descobriu que funcionários felizes são 13% mais produtivos, número semelhante a outros do mesmo tema. A produtividade é uma das ferramentas mais usadas para medir o desempenho profissional. Ela é um fator importante em muitas decisões de promoção e de aumento salarial – portanto, funcionários insatisfeitos podem ser descartados de oportunidades de subir na carreira.

2. Funcionários felizes têm mais energia para o trabalho

Quando estamos felizes, temos mais energia para nos concentrar nas tarefas que temos em mãos porque, vamos ser sinceros, ficar deprimido demanda muita energia e exige que gastemos mais energia na regulação emocional. Essa é a atenção que usamos para controlar os sentimentos – como a tristeza – e que nos deixa com menos energia para focar no trabalho.

3. Funcionários felizes tiram menos dias de licença médica

A forte conexão entre saúde e felicidade é comprovada. Essa ligação também vale para o local de trabalho, já que funcionários felizes tiram dez vezes menos dias de licença médica. É lógico que, se você se afastar menos do trabalho, poderá contribuir de forma mais consistente nas suas tarefas profissionais.

Sendo assim, ter felicidade é bom para os negócios. Pagar mais às pessoas é uma forma de aumentar os níveis de felicidade. Se as empresas não estão dispostas a oferecer aumentos salariais e acabar com a disparidade salarial entre homens e mulheres, elas devem estar preparadas para a queda de desempenho e de diversidade, equidade e inclusão no ambiente profissional.

* Lindsay Kohler é colaboradora da Forbes USA. Ela é cientista comportamental e consultora de engajamento para empresas.

(Traduzido por Gabriela Guido)