De acordo com estatísticas da Organização Mundial da Saúde, a tuberculose, causada por bactéria, é a doença infecciosa que mais mata globalmente, com mais de um quarto das mortes ocorrendo na África.
Rutendo Kahari é estudante da Baylor University, localizada em Waco, no estado do Texas, nos EUA, e pesquisadora biomédica que estuda bacteriófagos (vírus cujos hospedeiros são bactérias) e a engenharia genética como ferramentas em potencial para combater a tuberculose e outras doenças infecciosas.
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Estudos recentes têm focado em tratamentos baseados em bacteriófagos como uma solução para tratar a tuberculose. Depois de ouvir um podcast sobre o assunto, Kahari investigou como eles poderiam combater a propagação de bactérias resistentes a antibióticos. “Fiquei intrigada com a ideia de usar vírus para controlar populações de bactérias patogênicas.”
Em 2021, Kahari apresentou sua pesquisa sobre o “Combate à tuberculose multirresistente com terapia fágica” no evento Global Community Bio Summit 5.0 do MIT e também participou da Future Earth Academy, um programa global de biotecnologia virtual envolvendo outros 12 jovens escolhidos a dedo sob a orientação da Dra. Jennifer Jones, mentora de Kahari.
Em 2023, a jovem também estagiou na cidade de Nova York, no Chai Ventures, um fundo de capital de risco que investe em empresas de saúde e tecnologia lideradas por mulheres. Ela também participou do programa de jovens líderes do Global Citizen Year na Cidade do Cabo, na África do Sul.
“Rutendo já impactou seu país: ela ensina programação para crianças na sua cidade e apresentou a tecnologia de realidade virtual para outras pessoas da comunidade”, diz a Dra. Jones, acrescentando que Kahari também está inspirando outras pessoas da região a buscar grandes objetivos.
Motivação pessoal
Kahari cresceu em Bulawayo, no Zimbábue, com sua mãe, pai e duas irmãs. Aos oito anos, ela se lembra de ter visto uma radiografia de tórax que, segundo ela, parecia um “sapo distorcido”.
Kahari ajudava a separar os remédios diários do pai para garantir que ele não perdesse nenhum e tentava entender como cada comprimido interagia com o corpo humano em nível molecular. “Quando entrei no ensino médio, os termos médicos e a farmacologia começaram a fazer sentido, mas o tempo do meu pai já estava chegando ao fim”, diz, acrescentando que quando seu pai faleceu, ela sabia que seu propósito era curar pessoas.
“Quero ajudar a criar uma África mais saudável para que outros não sofram como meu pai”, diz ela.
Quando se trata de desigualdades que afetam o mundo, segundo ela, o Sul Global é o mais atingido, mas é também o menos representado quando se trata de desenvolver a solução.
“Até que os representantes dessas regiões estejam à mesa, a ciência não terá o impacto positivo que é capaz de causar, e as lacunas de igualdade na saúde continuarão a crescer”, diz a Dra. Jones.
Nathasia Muwanigwa é outra cientista biomédica que nasceu no Zimbabwe e agora ajuda cientistas, engenheiros e matemáticos de todo o continente africano a dar visibilidade à região e inspirar as gerações futuras.
“Eu lutei muito contra a síndrome da impostora durante meu mestrado porque meus colegas eram todos brilhantes e já sabiam como a pesquisa acadêmica funciona, e eu ainda era um tanto sem noção”, diz ela, que agora possui um doutorado em neurobiologia pela Universidade de Luxemburgo. “Uma jovem do Zimbábue não deve sentir que ser neurocientista não é para ela por causa da sua origem, gênero ou etnia.”
(traduzido por Fernanda de Almeida)